Fernando Haddad: candidato indicou tem dados sobre um dos empresários, a empresa contratada e os valores negociados (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 17h48.
Última atualização em 19 de outubro de 2018 às 14h29.
Em meio às suspeitas do envolvimento de empresas no envio de mensagens falsas contra o PT no WhatsApp, o candidato do partido à Presidência da República, Fernando Haddad, disse hoje (18) que o correto seria Ciro Gomes (PDT) concorrer com ele no segundo turno. Ciro ficou em terceiro lugar no primeiro turno ao obter 12,47% dos votos válidos.
"É o que a legislação prevê, porque ele [Jair Bolsonaro, do PSL] tentou fraudar a eleição, felizmente não deu primeiro turno. Se desse, isso tudo ia pra baixo do tapete", disse Haddad referindo-se às informações publicadas hoje na imprensa sobre a suposta existência de um grupo de empresários que financia o envio em massa de mensagens falsas via WhatsApp.
O petista defendeu ainda que pelo menos um dos empresários suspeitos de participar do grupo fosse preso para que os demais fossem delatados. Segundo ele, o grupo reúne de 20 a 30 pessoas.
"Basta prender um empresário que vai ter delação premiada e vai entregar a quadrilha toda. Nós estamos falando de 20 a 30 empresários envolvidos nesse esquema. Se prender um, em menos de 10 dias a gente vai ter a relação de todos os empresários que estão financiando com caixa 2 uma campanha difamatória."
Haddad indicou que tem conhecimento sobre um dos empresários, a empresa contratada e os valores negociados.
"Nós vamos levar ao conhecimento da Justiça todos os indícios. Alguns que estão nos chegando agora de reuniões que ele [Bolsonaro], de viva-voz, pediu apoio via WhatApp. Ou seja, ele próprio, em jantares com empresários, fez o pedido para que a doação fosse feita dessa maneira, de forma ilegal", disse.
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, não se manifestou publicamente sobre o assunto.
A reportagem publicada pela Folha de S.Paulo hoje informa que empresas estão contratando o serviço de disparo de mensagens por aplicativo de celular com contratos que podem chegar a R$ 12 milhões. O serviço, segundo o jornal, se vale da utilização de números no exterior para enviar centenas de milhões de mensagens, burlando as restrições que o WhatsApp impõe a usuários brasileiros.
As atividades envolvem o uso de cadastros vendidos de forma irregular. A legislação eleitoral só permite o uso de listas elaboradas voluntariamente pelas próprias campanhas. O financiamento empresarial de campanha também é proibido.
Haddad recebeu uma moção de apoio de um grupo de intelectuais das mais distintas áreas em um documento intitulado "às lideranças democráticas". Assinam o documento Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-PSDB e ministro do governo do Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, que também participou do ato com juristas, Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e o historiador Luiz Felipe Alencastro.
Também subscrevem a moção André Singer, Roberto Schwarz, Rubens Ricupero, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Celso Amorim, Belisário dos Santos Jr, José Carlos Dias e Paulo Nogueira Batista Jr.
"O que nós vemos como perspectiva é um período de fechamento profundo da sociedade brasileira se for eleito o senhor [Jair Bolsonaro, PSL]", disse Bresser-Pereira. Ele defendeu a formação de uma frente democrática, com candidatos que participaram do primeiro turno. "Claro que eles querem o governo se abra para eles", disse, dirigindo-se ao petista.
O candidato disse que se comprometia com um pacto "pela governabilidade, pela democracia e por mais direitos". "Um pacto por um governo amplo, faço questão de frisar, que realmente responda à nacionalidade do país, isolando essas forças retrógradas", declarou no ato de entrega da carta que ocorreu no saguão de hotel no bairro Paraíso.