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Em meio à pandemia, Amazonas tem salários atrasados e êxodo de médicos

Além da falta de equipamentos de proteção, profissionais da saúde precisam lidar com atrasos de salários que vêm se arrastando nos últimos cinco anos

Coronavírus: cerca de 549 profissionais solicitaram transferência para outros Estados em 2019 (MICHAEL DANTAS/AFP)

Coronavírus: cerca de 549 profissionais solicitaram transferência para outros Estados em 2019 (MICHAEL DANTAS/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2020 às 09h18.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 10h14.

Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, profissionais da saúde estão trabalhando com pagamentos atrasados há três meses no Amazonas, um dos primeiros Estados a entrar em colapso por causa do surto da covid-19 no País. No ano passado, houve "êxodo" de médicos do Amazonas para outras regiões.

De acordo com o presidente da Associação Médica do Amazonas (AMA) e secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jorge Akel, além da falta de equipamentos de proteção para trabalhar, médicos, enfermeiros e técnicos precisam lidar com os atrasos da remuneração que vêm se arrastando nos últimos cinco anos. O atual governo herdou da gestão anterior os débitos com as cooperativas médicas, que atuam na rede pública de saúde.

"Nós estamos com expectativa de pagarem agora, no fim de abril, os salários de fevereiro, que correspondem ao que os médicos trabalharam em janeiro. Cerca de 2 mil médicos dependem desses pagamentos. O discurso do Estado é que no contrato com as cooperativas está previsto que pode haver um atraso de até três meses dos salários, como se os médicos fossem uma mercadoria comprada da empresa - e não, eles estão prestando serviço médico. Esses profissionais têm nome, CPF e uma família (para sustentar)", disse Akel.

Cerca de 549 profissionais, em 2019, solicitaram transferência do Amazonas para outros Estados, segundo dados do CRM-AM. Conforme o secretário do conselho, a maioria foi embora por causa de dificuldades para manter a família, em razão dos constantes atrasos nos pagamentos.

O Sindicato dos Trabalhadores em Santas Casas, Entidades Filantrópicas e Religiosas, e em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Amazonas (SindPriv-AM), que representa trabalhadores da rede privada e pública, tem acompanhado a situação. Segundo o SindPriv-AM, pelo menos 2 mil enfermeiros estão sem receber há meses.

"Os maqueiros também estão com pagamentos atrasados e ainda assim continuam trabalhando na linha de frente nos hospitais. Já tentei falar com o ordenador de despesa, que libera para a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). Ele não me responde.

Não conseguimos contato com ele porque os serviços estão suspensos", afirmou a presidente do SindPriv, Graciete Mozinho.

"Cobrei do ordenador, do procurador. Não sei como esses profissionais estão indo trabalhar, está triste a situação."

Além dos salários atrasados, os profissionais têm de lidar com a falta de equipamentos.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) informou que os profissionais que prestam serviços por meio de empresas ou cooperativas recebem pró-labore e não salário, uma vez que são sócios ou cooperados.

Ontem, a Sefaz confirmou o pagamento de aproximadamente R$ 40 milhões para as cooperativas médicas - valor referente a fevereiro. Na última quarta-feira, já haviam sido pagos R$ 20 milhões para os profissionais chamados "áreas meio", como maqueiros e equipes de conservação e limpeza. Já os valores de março devem ser quitados até o fim de maio.

Infecções

O número de casos do novo coronavírus aumentou para 2.888 no Amazonas. Em boletim divulgado ontem, o Estado registrou mais 409 novos casos da covid-19. Também foram confirmados mais 28 óbitos, elevando para 234 o total de mortos no Estado. Entre os casos confirmados, 2.286 são de Manaus e 602 do interior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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