Ernesto Araújo: chanceler defendeu ação do governo na pandemia após reportagem da CNN americana (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2021 às 17h43.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, usou seus mais recentes posts no Twitter para rebater, em inglês, uma reportagem da rede de televisão CNN nos Estados Unidos. Os motivos são a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro em medidas de contenção da pandemia e os testes ainda iniciais do spray nasal israelense que o governo brasileiro tenta comprar.
Na reportagem da CNN americana, especialistas entrevistados compararam a gestão Bolsonaro à do ex-presidente americano, Donald Trump, que deixou o cargo em janeiro. Afirmam, ainda, que o alto número de mortes pela covid-19 no Brasil é resultado de "uma liderança política fracassada".
Araújo diz que a CNN "entendeu tudo errado" sobre as políticas brasileiras contra a covid-19. Postando um trecho da reportagem, o ministro argumenta que a Presidência "perdeu toda a autoridade para estabelecer/administrar medidas de distanciamento social" após a medida do STF em abril que deu a governadores e prefeitos a liberdade para também implementarem medidas de restrição contra a covid-19.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também entrou na discussão quando o STF foi citado. Na prática, o governo federal seguiu tendo competência para implementar medidas nacionais contra a pandemia, mesmo com a decisão do STF.
Mendes disse, também em inglês, que as falas de Araújo eram mentira e que "todos os níveis de governo são responsáveis pelo desastre que estamos enfrentando".
Após o bate boca, nesta quinta-feira, 11, Araújo respondeu ao ministro e voltou a falar sobre o assunto, dizendo que os governadores "tomaram todas as medidas que queriam" e que "restou ao governo federal pagar a conta".
Fala parecida foi adotada por Bolsonaro em discurso na Assembleia Geral da ONU, e o STF, na ocasião, emitiu nota conjunta dizendo que o combate à pandemia é de responsabilidade das três esferas de poder, incluindo aplicações de possíveis restrições.
FAKE NEWS! Here is the real fact: the Brazilian Supreme Court ruled that Federal, State and Municipal administrations have the authority to adopt social distancing measures. All levels of Government are accountable for the disaster we are facing. https://t.co/KY8dB2xbsz
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) March 11, 2021
Além da jurisprudência na pandemia, Araújo cita ainda a viagem da comitiva brasileira a Israel para negociar a compra do spray nasal EXO-CD24 contra a covid-19. O chanceler afirma que essa é uma das medidas do presidente Jair Bolsonaro para combate à pandemia e que o presidente brasileiro mostrou "a liderança necessária para lutar contra a covid-19".
Araújo chamou o medicamento de "o mais promissor remédio contra a covid-19 em teste". Mas, como o medicamento ainda está em fase inicial de desenvolvimento, com 30 voluntários testados na fase 1, não se sabe ainda números oficiais de eficácia do produto. A expectativa é que a fase 1 de testes do remédio seja concluída no fim de março.
Após as conversas em Israel, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Filipe Martins, afirmou que o remédio pode ter fases 2 e 3 de testes no Brasil.
Fizeram parte da delegação brasileira em Israel, além de Araújo e Martins, nomes como os deputados Eduardo Bolsonaro e Hélio Lopes e o ministro das Comunicações, Fábio Wajngarten.
O Brasil tem sido tema de uma série de reportagens interacionais recentes em meio aos recordes de novos mortos por covid-19, intensificados pela variante P1 do coronavírus, encontrada em Manaus e que já se espalha pelo país. Nesta quarta-feira, 10, o Brasil registrou pela primeira vez mais de 2.000 mortos em um mesmo dia em decorrência da pandemia.
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