Aécio Neves em evento do PSDB: senador disse que, independentemente do papel que cumprir no ano que vem, saberá com quais companheiros pode contar (Divulgação/PSDB)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2013 às 15h54.
O presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, foi exaltado como candidato a presidente da República em evento do partido nesta segunda-feira, sem a presença do ex-governador de São Paulo José Serra, e disse que, independentemente do papel que cumprir no ano que vem, saberá com quais companheiros pode contar.
Durante o encontro que teve a presença dos oito governadores tucanos, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos líderes tucanos na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Aloysio Nunes (SP) --um aliado de Serra dentro do partido--, Aécio foi colocado na posição de candidato presidencial por mais de um orador.
"Cumprirei meu papel, qualquer que seja ele, porque ao olhar para o lado, sei com quais companheiros eu conto", disse o presidente tucano durante evento na cidade mineira de Poços de Caldas, que teve como mote principal o fortalecimento da federação e a descentralização dos recursos hoje majoritariamente nas mãos da União.
Embora o senador mineiro não tenha assumido claramente a posição de candidato do PSDB à Presidência no ano que vem, ele voltou a defender o fim do atual ciclo de governo do PT e disse que conquistas do governo FHC, como a estabilidade econômica e o controle da inflação, estão sob risco.
Fernando Henrique foi mais enfático em seu discurso. O ex-presidente foi o último a falar no evento que lembrou a assinatura há 30 anos de um documento pelos então governadores de São Paulo, Franco Montoro, e de Minas, Tancredo Neves (avô de Aécio), em que defendiam a realização de eleições diretas para presidente.
"Chegou o momento, Aécio, de assumir a responsabilidade", disse. "O momento é seu. Assuma a responsabilidade... Começou uma nova arrancada de esperança, e essa arrancada tem nome e apelido: Aécio Neves", disse.
O senador é apontado como provável candidato tucano à Presidência no ano que vem, mas ainda pode sofrer a concorrência interna de Serra, candidato ao Palácio do Planalto por duas vezes.
Segundo a assessoria de imprensa do PSDB, Serra foi convidado para comparecer ao evento em Poços de Caldas e não informou ao partido o motivo de sua ausência, que foi comentada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"Ontem (domingo) me procurou, à noite, o Serra. Tomamos um café e ele pediu para que trouxesse aqui o seu integral apoio à bandeira do federalismo, da descentralização e à unidade do PSDB nas suas causas em defesa da população brasileira", disse o governador paulista que, em seu discurso, pediu a Aécio que viaje pelo país e escute os brasileiros.
Desde que Serra anunciou em outubro que permaneceria no PSDB, descartando a mudança de partido para o PPS, os dois líderes tucanos vinham mantendo uma relação cordial em relação um ao outro, mas esse discurso tem se tensionado nas últimas semanas.
Serra chegou a dizer num evento da Juventude do PSDB que o partido tinha uma necessidade de ser aceito pelo PT. Aécio rebateu a afirmação e, ao afirmar que cada um contribui para o partido como acha mais conveniente, disse que está falando bem do PSDB e mal do governo do PT.
Mensalão
Em entrevista coletiva antes do evento, Aécio comentou a prisão nos últimos dias de líderes petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal do mensalão e criticou a postura do presidente do PT, Rui Falcão, que disse tratar-se de um julgamento político.
"Nenhum de nós, e acho que posso falar por todos os companheiros que estão aqui, comemora prisões, comemora o sofrimento de quem quer que seja, por mais radical adversário que possa ter sido ou que seja do nosso campo político", disse.
"O que posso dizer em relação a essa questão é que a decisão do Supremo Tribunal Federal vai ao encontro de uma grande expectativa da sociedade brasileira, que era a punição não de A ou B, escolhido politicamente, mas daqueles sobre os quais recaíam provas contundentes, na avaliação da suprema corte brasileira." O presidente do PSDB também criticou a nota assinada por Falcão na sexta-feira, data da prisão do ex-presidente do PT José Genoino, do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Falcão disse na nota que o julgamento do Supremo foi "injusto, nitidamente político, e alheio a provas dos autos".
"O que lamento, e me permitam uma palavra final como presidente do PSDB, é que o presidente nacional do PT tenha confundido uma decisão da suprema corte brasileira com uma ação política, querendo criar um clima no Brasil absolutamente distante daquele que era o natural", disse Aécio.
"Não foi um julgamento político. Repito, o que serve para esse caso deve servir para todos os outros." O STF ainda precisa julgar o caso que ficou conhecido como mensalão tucano e envolveu o ex-governador de Minas Gerais pelo PSDB Eduardo Azeredo.