Os candidatos à Presidência Haddad e Bolsonaro (Montagem/Reprodução)
João Pedro Caleiro
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 21h33.
Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 21h41.
São Paulo - Duas entrevistas com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), gravadas separadamente, foram transmitidas hoje na Rede TV!, alternando as respostas dos políticos.
Assim, a emissora criou entrevistas com condições iguais: mesmo tempo de respostas e duração total, e também mesmas perguntas, contemplando onze temas.
Foram eles impostos, regulação da mídia, Lava Jato, porte de armas, liberação das drogas, Programa Mais Médicos, privatizações, educação, Bolsa Família, agronegócio e número de ministérios.
Haddad foi entrevistado em São Paulo por Mauro Tagliaferri, enquanto Bolsonaro gravou no Rio por Eric Klein.
A emissora cancelou o debate que faria na segunda-feira dia 15 por conta do impedimento de Bolsonaro, não liberado pelos médicos. A TV Band também cancelou o seu debate dessa semana.
Hoje, o líder nas pesquisas admitiu que talvez não vá aos debates, mesmo quando liberado, por questão de "estratégia"
Veja o que eles disseram hoje na Rede TV!:
Bolsonaro: "São altos e são muitos. Minha equipe econômica decidiu que vai reduzir a carga tributária (...) Quem ganha até 5 salários mínimos não pagaria imposto de renda, e acima disso entraria numa faixa de 20%. Essa redução em parte também seria visto para os empresários".
Haddad: "Diminuir a carga tributária de quem ganha até cinco salários mínimos é uma forma de ativar a economia. Mas quem ganha muito, recebe dividendos, é milionário e não paga impostos vai passar a pagar pra compensar a perda de arrecadação. Isso vai fazer a roda da economia se movimentar".
Bolsonaro: "Sem regulação. Sabemos que o outro caso não só pensa como botou no seu plano de governo (...) A mídia tem que ser livre, em especial a internet, que tentaram também censurá-la via marco civil da internet (...) a imprensa que estiver voltada para a verdade vai ser valorizada".
Haddad: "Uma família não pode ser dona da rádio de maior audiência, da TV de maior audiência e do jornal de maior circulação de um mesmo estado, porque impede você de se informar melhor. No mundo desenvolvido, isso é proibido".
Bolsonaro: "Devemos fazer com que não só o juiz Sérgio Moro, bem como Ministério Público e Polícia Federal, aja com liberdade para combater um dos maiores males que existe no Brasil que é a corrupção"
Haddad: "Precisa ser apoiada. Temos que fortalecer os órgãos de combate à corrupção como nós já fizemos. Polícia Federal, Ministério Público, poder judiciário (...) Há governos que fortalecem os órgãos e não põem a sujeira pra baixo do tapete e há os que instrumentalizam as agências pra não ter combate".
Bolsonaro: "Pretendo no que depender de mim, porque passa pelo parlamento, fazer com que todo cidadão de bem, homem ou mulher, caso queira ter uma arma dentro de casa, com alguns critérios, possa tê-lo (...) e o porte não pode ser tão rígido como temos no momento".
Haddad: "Quem tem que portar armas é a polícia, para garantir o seu direito à segurança. No meu governo terá uma novidade, a Polícia Federal passará a enfrentar as organizações criminosas porque elas não são mais regionais, por isso precisamos de polícia nacional. A PF vai ganhar efetivo novo, mais homens, mais inteligência, mais tecnologia, enfrentar o crime organizado".
Bolsonaro: "O número foi expandido para atender interesses político-partidários (...) pretendemos ter aproximadamente 15 ministérios e nosso critério será o técnico".
Haddad: "Alguns que foram extintos por Temer e trouxeram grande problema pro país vamos recuperar", disse e citou Ministério de Ciência e tecnologia, Ministério de política para mulheres e Ministério da Igualdade Racial.
Bolsonaro: "Vamos fundir Ministério da Agricultura com o Meio Ambiente, acabar com essa briga, o homem do campo o tempo todo sendo ameaçado por fiscais, uma verdadeira indústria da multa (...) vamos tipificar as ações do MST como terrorismo (...) e legislação trabalhista diferente para o campo".
Haddad: "É importante para o Brasil e precisamos apoiar. Mas terra não pode ser improdutiva (...) e ao mesmo tempo com respeito ao meio-ambiente. Vamos promover desmatamento líquido zero, mesmo porque a terra disponível e mais que suficiente para expandir a produção (...) E garantir alimento saudável, com menos agrotóxico. Vamos estimular a agricultura familiar e orgânica".
Bolsonaro: "Não passa pela minha cabeça liberação (...) alguns dizem que vai diminuir a violência e briga entre traficantes. Não vai, se fosse assim não teria contrabando de cigarros (...) Ninguém vai querer perseguir o usuário mas vamos combater sim nas fronteiras".
Haddad: "Nossa defesa é clara: traficante na cadeia e usuário em tratamento. Fazer essa diferenciação, tratar de um lado como crime e do outro de saúde pública".
Bolsonaro: "O professor perdeu a sua autoridade (...) o que nós queremos é um ministro que afaste a filosofia de Paulo Freire, tenha autoridade e iniciativa (...) não temos que falar em ideologia de gênero".
Haddad: "Vamos dar mais atenção ao ensino médio, a juventude precisa ser melhor assistida, com aumento do ensino médio integral e profissional".
Bolsonaro: "Da forma que está aí, não. Esse programa foi para atender interesses cubanos. Não podemos deixar que pessoas que não se submetam ao Revalida, ou seja não temos comprovação que são médicos, venham a atender os mais pobres. Queremos uma carreira típica de Estado".
Haddad: "Um dos maiores legados do nosso governo. 60 milhões de brasileiros que não tinham atendimento médico passaram a ter. Precisamos dar um passo a mais (...) vamos construir policlínicas, uma para cada 500 mil habitantes, locais onde consulta de especialidade, exames e cirurgias são feitas no mesmo lugar".
Bolsonaro: "Tem a função social e tem a questão estratégica (...) se for vender pro capital chinês não tá privatizando, tá estatizando para a China. (...) tem várias que dá pra privatizar mas tem que ter o modelo adequado", citando o modelo da Embraer com golden share.
Haddad: "Correio, Caixa, BB, Petrobras, Eletrobas, são estatais intocáveis (...) Quando vendem, é na bacia das almas, a preço de banana. A Embraer, por exemplo, Temer quer vender para a Boieng americana, um crime de lesa pátria".
Bolsonaro: "Não pode ser utilizado para angariar votos, servir de curral eleitoral (...) Mourão com Paulo Guedes decidiu conceder, caso sejamos eleitos, decidiu conceder o 13o para quem ganha e não vai ter custo adicional porque vem do combate a roubo e fraude".
Haddad: "Fizemos o Bolsa Família no governo Lula e agora precisamos fortalecer o programa para tirar o País da crise. Precisamos cuidar das pessoas. O recado que dou para você: para meu adversário, o pobre é parte do problema. Mas, para nós, é parte da solução."
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