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Em entrevista ao Le Monde, Dilma defende Lula

Presidente também afirmou que o crescimento econômico fraco é reflexo da fase de transição pela qual o Brasil passa

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 16h39.

São Paulo - A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse em entrevista ao jornal francês Le Monde que não aceitará a corrupção no seu governo e que as acusações de que seu predecessor Luiz Inácio Lula da Silva teria participado do esquema do mensalão são lamentáveis. "Eu não vou tolerar a corrupção, e meu governo também não", declarou Dilma, acrescentando que todos aqueles que utilizam dinheiro público devem prestar contas. "Caso contrário, a corrupção se espalha."

Ela afirmou que "o Ministério Público é independente, a Polícia Federal investiga, prende e pune." E falou que quem começou esta nova fase de governança foi o ex-presidente Lula. Sobre as acusações do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza de que o ex-presidente chefiou o esquema de desvio de recursos públicos do mensalão, Dilma afirmou: "Eu rejeito todas as tentativas, ele não é o primeiro a manchar o imenso respeito que o povo do Brasil tem pelo presidente Lula".

Dilma disse também que, "se houver suspeitas confirmadas, a pessoa deve sair. Claro que não se deve confundir as investigações com a caça às bruxas próprias dos regimes autoritários ou de exceção. Para ser candidato à eleição, os brasileiros devem cumprir a lei de registro criminal (Ficha Limpa), eles não podem ter sido condenados."

Na entrevista, Dilma afirmou também que o fraco crescimento econômico apresentado pelo País é resultado de uma fase de transição vivida pelo Brasil. "Nós estamos em uma fase de transição. A crise internacional provocou uma desaceleração da economia brasileira em junho de 2011. Nós tivemos de adotar medidas estruturais, como a redução da taxa de juro. Pela primeira vez em décadas, elas estão próximas das taxas do mercado internacional", disse ela ao jornal francês, observando que é a primeira vez em décadas que as taxas de juros do Brasil estão próximas das observadas nos mercados internacionais.


Ela destacou, no entanto, que "isso levou a mudanças na rentabilidade. O aumento do investimento produtivo ainda não substituiu os investimentos em declínio. E a desvalorização artificial das moedas de países desenvolvidos resultou em uma valorização do real, que tem sido prejudicial".

Perguntada se o Brasil é o país do futuro, Dilma respondeu que "os empresários europeus sabem que esse será o caso se nós investirmos nas indústrias de manufatura, infraestrutura e transformação". Segundo ela, o desafio que o País enfrenta é a competitividade, que não é um fim em si mesmo. "Se não aumentarmos a taxa de investimento, não vamos atingir um crescimento acelerado, capaz de buscar a inclusão social e a expansão do mercado".

A presidente destacou na entrevista que a dimensão do mercado brasileiro, as oportunidades em infraestrutura e a força da indústria explicam porque o Brasil se tornou um dos principais destinos de investimento direto estrangeiro, que totalizou US$ 66 bilhões em 2011 e 63 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. "Nós prevemos um crescimento de pelo menos 4% em 2013", disse Dilma ao Le Monde.

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