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Em discurso de despedida, Maia chora e aponta desigualdades no país

Deputados decidem quem presidirá a Casa a partir desta segunda-feira. A disputa está polarizada entre Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP)

 (EVARISTO SÁ/AFP/Getty Images)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 22h27.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez um discurso conciliador e emocionado de despedida da presidência da Câmara nesta segunda-feira, 1º, depois de quatro anos e sete meses no comando da Casa. Em meio a lágrimas, ele afirmou que não teve intenção de ofender deputados durante a campanha pela sucessão e disse ter orgulho de ser deputado federal.

Os deputados votam agora para decidir quem ficará no lugar de Maia. Apesar de nove candidatos concorrerem ao posto, a disputa está polarizada entre Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado por Maia, e Arthur Lira (PP-AL), candidato do Palácio do Planalto. "Tivemos momentos de mais atrito, no meu caso, com o candidato Arthur Lira. A ele e àqueles que o apoiam e se sentiram ofendidos pelo que falei, não foi minha intenção", disse Maia.

"Admiro cada um deputados e tenho orgulho de ser presidente desta Casa. E, mais do que isso, tenho orgulho de ser deputado federal", continuou. "Quero, do fundo do meu coração, agradecer a cada um de vocês essa oportunidade, que é única para quem faz politica, para quem sabe que através da politica é q temos condição de mudar esse país, um pais injusto", afirmou.

Para Maia, as desavenças devem ficar para trás e, agora, é preciso focar nos desafios do país, que incluem não apenas a vacinação contra a covid-19 e a contenção de uma segunda onda da pandemia, mas também "gerar as condições para que os brasileiros sejam mais iguais", disse. "O passado ficou para trás, e nós precisaremos, unidos, eu na planície, no plenário, com muito orgulho, com cada um de vocês, construirmos o futuro do Brasil. Não pelos próximos dois anos, mas para os próximos 20 anos", discursou.

Maia apontou desigualdades em escolas e hospitais públicos, em relação às opções privadas, problema que, para ele, deve ser combatido. "Que a escola pública seja tão boa quanto a escola privada. Que a UTI pública tenha a mesma chance de salvar uma vida que a UTI de um hospital privado. Hoje, 70% das pessoas que entram numa UTI com covid-19 no hospital privado são salvas e, na UTI do setor público, apenas 35%. É disso que nós precisamos tratar, enfrentar", afirmou.

Maia também disse que o governo federal, nos três poderes, "é injusto porque concentra renda na elite dos servidores". Na visão dele, é preciso resolver as distorções. "Todos nós sabemos que não é esse Estado que nós chegamos aqui para defender. Tenho certeza que nós sabemos que nosso Estado é concentrador de renda, não distribuidor de renda", disse.

O deputado também mencionou vitórias da Câmara, principalmente em 2020, em meio à pandemia. "De todos os anos, o que foi mais desafiador para todos nós foi o ano passado", lembrou. Maia citou a criação do sistema de votação remoto, em apenas uma semana, e as votações ao longo do ano. "A Câmara dos Deputados teve a condição de liderar e construir em conjunto os projetos que garantiram as condições para o enfrentamento da pandemia", disse.

Entre as matérias aprovadas, Maia destacou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de guerra, que permitiu gastos excepcionais para contenção de danos da pandemia. "Foi uma construção desta Casa, e tive muito orgulho, porque nunca tinha conseguido colocar nesse painel do PSL ao PSol, onde tivemos votos de todos os partidos", lembrou.

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