Joaquim Levy: "Reformas objetivas como a proposta para pensões, inclusive a idade mínima. Acho que há uma convergência crescente para isso" (REUTERS/Guadalupe Pardo)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2015 às 15h38.
Londres - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a defender o fortalecimento das contas públicas no curto prazo e, ao mesmo tempo, a execução de reformas estruturais para que o Brasil volte a ter crescimento econômico.
Em entrevista coletiva em meio a uma série de reuniões em Londres, reafirmou que a criação de um ambiente mais produtivo vai garantir o crescimento no médio e longo prazo.
"O Brasil está atravessando uma etapa e está mudando com o fim do boom das commodities. No curto prazo, precisamos ter um Orçamento mais forte. No médio e longo prazo, é preciso ter reformas estruturais para fazer a economia mais eficiente", disse.
"Nós estamos trabalhando. Nosso trabalho não é só aumentar um ou dois impostos para tentar preencher um buraco. Nosso trabalho é preparar a economia brasileira para ter uma real mudança e ser mais competitiva", disse.
Para esse objetivo de longo prazo, o ministro citou a necessidade de executar reformas estruturais.
"Reformas objetivas como a proposta para pensões, inclusive a idade mínima. Acho que há uma convergência crescente para isso. Quanto mais discutem, vejo que mais pessoas acham que deve ser feito. Também em termos de como criar novas formas de projeto de infraestrutura mais fácil de fazer", citou como exemplo.
Desemprego e inflação
Levy fez ainda uma avaliação - que remete a um crítica ao Congresso - de que o aumento do desemprego e a piora de outros indicadores econômicos como a inflação são sintomas de que o problema fiscal ainda não foi resolvido.
"Isso são sintomas de que o problema fiscal não foi tratado com a energia que ele precisa ser tratado."
Levy defendeu que é preciso analisar a piora dos dados econômicos como consequência do problema mais amplo que é a falta de avanço fiscal.
"As pessoas não podem olhar só os sintomas, têm de ver a causa", disse, ao se referir a questões de jornalistas sobre o aumento do desemprego e da inflação.
Apesar de relacionar a piora da economia à falta do avanço fiscal no Congresso, o ministro da Fazenda negou que haja alguém que esteja atrapalhando o processo.
"Não tem ninguém brecando", disse. Ao contrário, Levy fez um afago. "Eu sei que tem muita gente no Congresso que sabe disso e está trabalhando. Eu tenho confiança que vamos ter resultado e não vai ser através de medidas fáceis", disse.
Levy lembrou que outros presidentes também enfrentaram situação difícil no passado, mas tudo foi resolvido.
"Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso teve de enfrentar uma crise, ele foi lá e conseguiu votar. Quando o presidente Lula tomou medidas, foi a mesma coisa", disse.
Em tom de desabafo, Levy reclamou no fim da entrevista dos que só olham o copo negativo.
"O Brasil tem que olhar de uma maneira positiva. Não pode ter torcida negativa. É o nosso país e é um país maravilhoso. E a gente, mais uma vez, não vai ser a primeira vez, vai superar os grandes problemas que as pessoas apontam no curto prazo. Eu tenho certeza absoluta que a gente vai conseguir isso", disse.
Infraestrutura e financiamento
Antes da entrevista, Levy afirmou que a reunião realizada com o ministro de Finanças do Reino Unido, George Osborne, "permite construir novas possibilidades" aos dois países.
"A reunião faz parte do diálogo permanente com os principais parceiros na Europa, Ásia e Estados Unidos", disse Levy ao deixar a reunião com Osborne.
O ministro comentou rapidamente que entre os temas tratados pelos dois ministros estão "a questão de infraestrutura, o trabalho do centro financeiro de Londres e o financiamento das nossas empresas".
Antes de entrar no carro, Levy disse que uma reunião semelhante à do Diálogo Econômico-Financeiro entre o Brasil e Reino Unido ocorrerá em 2016 no Brasil.