Eliseu Padilha: Temer assumiu interinamente o comando do país no dia 12 de maio, após o Senado ter determinado o afastamento da então presidente Dilma Rousseff (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de maio de 2017 às 16h29.
Brasília - Na véspera de Michel Temer completar um ano à frente do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que as duas grandes conquistas da administração peemedebista são a parceria com o Congresso, num governo "semiparlamentar", e o apoio à agenda econômica do Executivo.
Temer assumiu interinamente o comando do país no dia 12 de maio, após o Senado ter determinado o afastamento da então presidente Dilma Rousseff.
A petista foi condenada pelo Senado no dia 31 de agosto, quando Temer foi efetivado no comando do país.
Para Padilha, desde os tempos da retomada da democracia, não havia uma sintonia entre parlamentares e o governo. O ministro citou que, hoje, o governo tem uma base de 411 deputados, dos quais cerca de 330 deles votam com o governo.
"É uma base muito forte e consistente e mostra a capacidade dele, Michel Temer, de fazer um governo eminentemente político e semiparlamentar", disse o ministro em entrevista à Reuters.
Segundo o ministro, Temer sempre buscou os parlamentares para apoiarem as suas iniciativas.
Ele destacou como motivo de sucesso do primeiro ano de gestão do atual presidente a aprovação da emenda à Constituição que estabeleceu um teto para os gastos públicos, a primeira medida para conter as despesas, e o encaminhamento da reforma da Previdência.
"Ela (a reforma da Previdência) já foi aprovada na comissão (especial da Câmara) e temos convicção que vamos aprovar em plenário", garantiu Padilha, sem, contudo, querer falar em prazo para que a matéria seja apreciada pelos deputados em plenário.
Ele disse que está sendo feito um trabalho de convencimento com a base aliada para ter mais do que os 308 votos necessários para passar a proposta.
O segundo grande eixo de sucesso do governo, de acordo como ministro, foi a adesão à proposta econômica.
Ele destacou que o país registrou a menor inflação dos últimos 10 anos --a alta acumulada do IPCA em 12 meses até abril foi de 4,08 por cento, abaixo do centro da meta do Banco Central (BC), que é de 4,5 por cento ao ano, e a primeira vez que isso acontece desde 2010.
"A inflação, por via de consequência está sob controle e os juros estão caindo na direção de um dígito", disse Padilha, numa referência à Selic, atualmente em 11,25 por cento ao ano e que poderá ter um corte mais acentuado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o final deste mês.
Padilha também considerou que houve uma melhora no mercado de ações do país, especialmente a Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, o que, em sua avaliação, demonstra "a confiança no governo".
O ministro afirmou ainda que a confiança do empreendedor voltou e a do consumidor alcançou "níveis elevados".
Questionado sobre a dificuldade na melhoria dos postos de trabalho --o desemprego registrou recorde no final do primeiro trimestre e alcançou 14,2 milhões de pessoas, segundo o IBGE--, o ministro ressalvou que, quando se abate uma crise, o último setor a apresentar uma reação é o do emprego. Para ele, o país ainda está vivendo uma fase "incipiente" de contratação.
"Temos que ter ainda um pouco mais de tempo, mas no final do segundo semestre deste ano e início do outro, o emprego voltará", afirmou ele, ao ser questionado sobre o discurso inicial do governo de que ao final do primeiro trimestre deste ano voltaria a retomada dos postos de trabalho.
"Já há um início de reversão, os sinais são positivos para a geração de empregos", acrescentou Padilha.
Ao mesmo tempo em que tem um grande apoio no Congresso o governo enfrenta baixíssima popularidade, em parte justamente por causa do desemprego que depende de mais crescimento econômico para ser revertido.
O governo prepara um pacote de obras com recursos exclusivamente públicos que possam ficar prontas até o final do mandato de Temer, em dezembro de 2018, segundo uma fonte que pediu para não ser identificada.
A intenção é fazer um projeto focado, sem a mesma aspiração do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine do governo da ex-presidente Dilma Rousseff que tinha uma mistura de iniciativas com recursos públicos, em parcerias com a iniciativa privada e de concessões que, durante os balanços, geralmente não avançavam dada a fragilidade do pacote.
Por ora, os técnicos dos ministérios têm conversado a fim de encontrar o melhor formato para o programa. Não há também prazo para que ele seja lançado, se até o final deste semestre ou início do próximo.
Padilha, no entanto, não quis comentar sobre o pacote. "Por enquanto é um programa em gestação", limitou-se a dizer o ministro.
Na sexta-feira o presidente vai comandar uma reunião ministerial na qual vai exaltar os feitos do governo neste ano de gestão. Ele já recebeu um resumo dos ministros com ações no período.