Atos: centenas de pessoas, apoiadas por partidos de esquerda, reuniram-se na orla entre os bairros de Ipanema e Leblon, próximos de grandes favelas (Ricardo Moraes/Reuters)
AFP
Publicado em 26 de maio de 2019 às 15h25.
Última atualização em 26 de maio de 2019 às 15h28.
Moradores de favelas do Rio de Janeiro e ativistas denunciaram neste domingo a violência crescente das operações policiais em comunidades durante o mandato do governador Wilson Witzel, aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Sob o lema "Parem de nos matar", centenas de pessoas, apoiadas por partidos de esquerda, reuniram-se na orla entre os bairros de Ipanema e Leblon, próximos de grandes favelas, como Rocinha e Vidigal.
"Acabem com o genocídio nas favelas", pediam os manifestantes, que acusam Witzel de promover uma política de gatilho fácil para acabar com a criminalidade galopante no Rio.
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), 558 pessoas foram mortas em operações policiais no estado entre janeiro e abril, um recorde para este período desde 1998, com um aumento de 19% em relação ao ano passado.
Um dos oradores, André Constantine, do movimento "Favela Não Se Cala", denunciou uma "política de guerra contra as drogas com fundo de genocídio do povo negro. A cada 23 minutos, um jovem negro morre assassinado no Brasil, e de cada 100 pessoas assassinadas no país, 77 são negras", afirmou.
Os manifestantes expressaram preocupação com a flexibilização do porte de armas decretada por Bolsonaro, que poderia beneficiar as milícias, que dominam amplas zonas do Rio de Janeiro. Eles questionaram o projeto de lei anticrime apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que prevê reduções de pena, ou até a absolvição, de agentes que usarem suas armas em determinadas situações.
A menos de um quilômetro do protesto em Ipanema, milhares de apoiadores de Bolsonaro denunciaram, na Praia de Copacabana, os obstáculos do Congresso aos projetos do presidente, como o da legislação anticrime.