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Em artigo para jornal americano, Lula compara 8/1 ao ataque no capitólio dos Estados Unidos

Segundo Lula, a data de 8 de janeiro marca um ano desde que a resiliência da democracia do Brasil foi testada por um grupo de pessoas impulsionado pela mentira e desinformação

As declarações do presidente constam em artigo publicado em inglês nesta manhã no The Washington Post (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

As declarações do presidente constam em artigo publicado em inglês nesta manhã no The Washington Post (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 14h07.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes em Brasília foram resultado de um processo promovido por líderes políticos em desacreditar a democracia em benefício próprio. Ao comparar os atos no Brasil que completam um ano nesta segunda-feira, 8 com os ataques de 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, Lula responsabilizou, em parte, as redes sociais e o modelo econômico mundial.

As declarações do presidente constam em artigo publicado em inglês nesta manhã no The Washington Post. Segundo Lula, a data de 8 de janeiro marca um ano desde que a resiliência da democracia do Brasil foi testada por um grupo de pessoas impulsionado pela mentira e desinformação.

"Exibiam (manifestantes golpistas de 8 de janeiro) desprezo pela democracia similar ao dos invasores do Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021", escreveu Lula. "Felizmente, a tentativa de golpe fracassou. A sociedade brasileira rechaçou as invasões e, durante o último ano, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo dedicaram esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores."

Consequência de 'líderes políticos extremistas'

Lula afirmou que a tentativa de golpe foi resultado de um processo promovido por líderes políticos extremistas em desacreditar a democracia, citando o forte questionamento feito em relação ao sistema eleitoral brasileiro. "No Brasil, reclamavam da urna eletrônica como nos Estados Unidos reclamavam do voto pelo correio, sem nenhuma evidência. O objetivo dessas ilações falsas era desqualificar a democracia, para sua perpetuação no poder de forma autocrática", afirmou.

Na publicação, o petista não cita nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, forte crítico das urnas eletrônicas. Em julho de 2022, por exemplo, o ex-chefe do Executivo federal marcou um encontro com embaixadores estrangeiros para levantar dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral nacional.

O presidente afirmou que o mundo vive atualmente um "momento contraditório" em que os desafios globais exigem compromisso e cooperação entre as nações. "Nunca estivemos tão integrados e conectados. Ao mesmo tempo, temos cada vez mais dificuldades de dialogar, de respeitar as diferenças e conduzir ações conjuntas" acrescentou.

"As sociedades estão tomadas pelo individualismo e as nações se distanciam umas das outras dificultando a promoção da paz e o enfrentamento de problemas complexos: crise climática; insegurança alimentar e energética; tensões geopolíticas e guerras; crescimento do discurso de ódio e xenofobia", disse. "Nas últimas décadas, um modelo de desenvolvimento econômico excludente tem concentrado renda, fomentado frustrações, reduzido direitos dos trabalhadores e alimentando a desconfiança em relação às instituições públicas."

"A desigualdade serve como terreno fértil para a proliferação do extremismo e a intensificação da polarização política. Quando a democracia falha em proporcionar bem-estar às pessoas, extremistas promovem a negação da política e a descrença nas instituições", comentou.

'Erosão da democracia'

Além da desigualdade, Lula apontou que as redes sociais também influenciam em uma "erosão da democracia". "O modelo de negócio das Big Tech, que prioriza o engajamento e a captura de atenção, promove conteúdo inflamatório e fortalece discursos extremistas, favorecendo forças antidemocráticas que atuam em redes internacionalmente coordenadas", classificou. "É ainda mais preocupante que novas aplicações de inteligência artificial, além de agravar o cenário de desinformação, possam promover discriminação, gerar desemprego e afetar direitos."

Na avaliação do petista, tais questões tecnológicas, sociais e políticas estão integradas. Para ele, o fortalecimento da democracia depende da capacidade de os Estados não só enfrentarem desigualdades estruturais e promoverem o bem-estar da população, mas enfrentarem os fatores que alimentam o extremismo.

"Outros 6 ou 8 de janeiro só serão evitados se transformando a realidade de desigualdade e de precarização do trabalho", comentou. Diante disso, Lula cobrou ações dos países e organizações internacionais para promover a integridade da informação e desenvolvimento inclusivo. "Espero que os líderes políticos possam se reunir no Brasil ao longo deste ano, buscando soluções coletivas para esses desafios que afetam toda a humanidade", disse.

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