Forças Armadas: Criminalidade caiu onde houve a presença dos militares (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 10h31.
São Paulo - O uso das Forças Armadas no Rio mudou profundamente nos últimos 25 anos. Na primeira vez, seu objetivo era proteger mais de uma centena de chefes de Estado e de governo que estavam na cidade para a ECO 92, a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente. O sucesso da operação criou a demanda pelo uso dos militares na garantia da ordem pública.
Depois disso, o Rio foi alvo de 36 operações da Forças Armadas - contando como uma única ação as 15 fases da Operação Furacão, iniciada em 2017 -, 41% das quais serviram para combater o crime organizado. Ocorrida entre 3 e 14 de junho de 1992, a ECO 92 pôs cerca de 20 mil homens com fuzis, fardas camufladas e blindados Urutus e Cascavel por 15 dias nas ruas.
A queda da criminalidade - cerca de 20% - na região onde houve a presença dos militares abriu o caminho para novas ações no Estado.
Em 1994 e 1995, as Operações Rio, Alvorada, Topázio e Velame colocaram cerca de 10 mil militares nas ruas da cidade, coma prisão de 58 acusados. Eram as primeiras ações contra os bandidos. A partir dos anos 2000, essas operações se intensificaram - foram 26, das quais apenas 8 não tinham como objetivo combater o crime organizado.
O grande teste viria no dia 25 de novembro de 2011, quando blindados da Marinha foram emprestados para a invasão da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Naquele momento, o Comando Militar do Leste (CML) havia colocado os homens da 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada na Avenida Brasil para evitar a ação de criminosos, que estavam fechando a via, a principal de ligação entre a Vila Militar e o centro, onde fica a sede do CML.
Em seu relato sobre aqueles dias, o general Adriano Pereira Júnior, então comandante do CML, contou que tomou a decisão "em virtude da gravidade da situação da segurança pública, com ataques, arrastões e incêndios de carros". No dia seguinte, as tropas começariam a ocupação do Complexo do Alemão, que duraria 583 dias. A avaliação então dos generais era a de que a ação havia sido um sucesso.
Em seguida, as Forças Armadas ocuparam o complexo da Maré. Documentos das Forças Armadas mostram que, de 2013 a dezembro de 2017, o Exército e a Marinha mataram 19 bandidos e feriram 81 no Rio. Houve ainda 2 militares mortos - um deles por tiro acidental - e 84 feridos. Eles relataram a prisão de 1.375 suspeitos nas operações no Alemão, na Maré e na Operação Furacão.
O modelo de ocupação, que custava cerca de R$ 1 milhão por dia na Maré, foi deixado de lado depois do término da ação na Maré, em 2015. Com a crise do sistema de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a retomada de áreas do Alemão e da Maré pelos grupos armados, os militares passaram a defender que suas ações fossem pontuais, com o uso da inteligência e se valendo do efeito causado pelo emprego de grandes contingentes.
Essa é a forma considerada mais adequada pelos militares para as ações de Garantia de Lei e Ordem no Rio. O modelo prevê o trabalho da inteligência do Exército com a da Secretaria da Segurança, até com o uso do Centro de Informações do Exército.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.