STF: cinco indicações foram barradas durante o governo do marechal Floriano Peixoto (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de maio de 2019 às 14h09.
Última atualização em 14 de maio de 2019 às 17h10.
São Paulo - A indicação de um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF) cabe ao presidente da República, mas sua escolha deve ser avalizada pelo Senado Federal, onde cerca de 1/3 dos parlamentares responde processos criminais na Justiça, como mostrou levantamento do jornal O Estado de S. Paulo após as eleições do ano passado.
Em 128 anos, só cinco indicados pelo presidente foram barrados pelos parlamentares, de acordo com o Senado. Todas as rejeições ocorreram em 1894, no governo do marechal Floriano Peixoto.
O caso mais emblemático é o de Cândido Barata Ribeiro, médico-cirurgião e professor de Medicina no Rio. Ele tinha grande influência na política de época, atuou no movimento pelo fim da escravidão e da monarquia, chegou a atuar como ministro do STF (na época, o escolhido podia começar os trabalhos antes dos senadores votarem a indicação) e foi reprovado depois de dez meses de trabalho. O motivo foi que ele não tinha formação jurídica.
Depois do caso de Barata Ribeiro, Floriano indicou outros onze nomes para o STF. Quatro foram rejeitados: o general do Exército Ewerton Quadros e o então diretor-geral dos Correios Demóstenes Lobo, ambos também por não terem formação jurídica. Também foram recusados o general Galvão de Queiróz e o subprocurador da República Antônio Seve Navarro - os dois eram formados em Direito, mas não foram considerados "expoentes do mundo jurídico", de acordo com o Senado.
Os critérios destacados no artigo 101 da Constituição para a nomeação de um ministro para o STF são de idade (os indicados precisam ter entre 35 e 65 anos) e a exigência de "notável saber jurídico e reputação ilibada".
Depois da indicação do presidente, o indicado passa por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, órgão composto por 27 parlamentares. Se o candidato receber votos favoráveis da maioria simples na CCJ, a indicação ganha um parecer favorável e então o nome vai a votação no plenário da Casa, onde precisará de pelo menos 41 votos para ser aprovada.
A atual composição do STF tem quatro ministros indicados pela ex-presidente Dilma Rousseff (Fux, Rosa Weber, Barroso e Fachin), três ministros indicados por Luiz Inácio Lula da Silva (Lewandowski, Dias Toffoli e Cármen Lúcia) e um por outros ex-presidentes: Michel Temer (Alexandre de Moraes), Fernando Henrique Cardoso (Gilmar Mendes) e Fernando Collor (Marco Aurélio) e José Sarney (Celso de Mello).