Brasília - Deputado Elmar Nascimento foi eleito presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara (Wilson Dias/Agência Brasil) (Wilson Dias/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 30 de outubro de 2024 às 09h03.
Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 09h39.
O líder do União Brasil e candidato a presidente da Câmara, Elmar Nascimento (BA), criticou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e disse que ele atuou como líder do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro mandato dele na chefia da Câmara, em 2021 e 2022.
Elmar fez referência ao discurso de Lira mais cedo nesta terça-feira, quando o chefe da Câmara anunciou apoio ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), como seu candidato a sucessor. Na ocasião, o deputado do PP afirmou que Motta representa a convergência." Vocês assistiram o primeiro mandato do presidente Arthur Lira, que ele diz que é tão a favor da convergência, que ele foi presidente da Câmara e líder do governo Bolsonaro ao mesmo tempo, modificando inclusive o regimento para tirar capacidade de obstruir da Câmara dos Deputados. Não pode agora vir dizer que a Casa tem que ser a Casa do consenso.
A declaração de Elmar acontece depois de uma reunião dele com a bancada do PT. O líder do PSD na Casa, Antonio Brito (BA), também se reuniu com os petistas. A legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não anunciou quem irá apoiar, mas a cúpula da sigla deseja estar com Motta para evitar que haja uma disputa na Câmara.
O líder do União também sugeriu que os três candidatos a presidente da Casa fizessem um debate para expor as ideias de como querem comandar a Câmara.
"Não acham que é justo, e me coloco a disposição, que a gente faça um debate entre eu, Brito e Hugo para o Brasil nos conhecer? Estamos falando do segundo cargo mais importante da República e não dá para ser na base da nota escrita".
Ele ainda declarou que ser presidente da Casa não é a mesma de ser "síndico da Câmara".
"Não sou candidato a síndico da Câmara, se eu quisesse estar indicando cargo seria candidato a primeiro-secretário, sou candidato a presidente da Câmara e o país merece nos conhecer, nos conhecer profundamente do ponto de vista do que a gente pensa e quais são nossas propostas para o futuro".
Em aceno aos petistas, Elmar disse que vai atuar contra o projeto que anistia os envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro. Ele ainda criticou Motta por não ter se posicionado sobre o assunto.
Para fazer com que o tema se desvincule da sucessão, Lira agiu para atrasar o texto e criou uma comissão especial para cuidar do tema, tirando o projeto da alçada da Comissão de Constituição de Justiça, comandada pela deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC).
"Na política e na vida a gente tem que fazer escolhas e tem que ter lado. Temos um lado muito claro do PL, um lado muito claro do PT. Em uma eleição que haja disputa, isso vai ficar muito aberto. Não tenho como receber o apoio do PT e da esquerda e apoiar a pauta mais cara contra eles e vice-versa. Não dá para se esconder, dizer que isso é um tema sensível e não ter coragem de assumir posições. Isso não é estimular briga, é estimular o debate", declarou Elmar.