Lula, Paulinho da Força e Alckmin em evento que oficializa apoio do Solidariedade à chapa (WERTHER SANTANA/Estadão Conteúdo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de maio de 2022 às 12h47.
Última atualização em 12 de maio de 2022 às 13h28.
Sem conseguir fechar alianças nas fileiras da centro-direita, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta agora com o apoio do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente do Solidariedade, para atrair os "desgarrados" da terceira via. Em articulações de bastidores, Paulinho da Força, como é conhecido, tenta levar políticos e eleitores do PSD de Gilberto Kassab e também do União Brasil para a campanha do PT ao Palácio do Planalto.
O Solidariedade é, até hoje, o único partido de centro na coligação nacional que sustenta a candidatura do PT e reúne também o PSB, PCdoB, PV, Rede e PSOL. Agora, as negociações têm sido feitas com o objetivo de garantir que partidos da chamada terceira via liberem seus diretórios estaduais e abram palanques para Lula, impedindo o avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Eu venho fazendo esse papel. Estou tentando ampliar a aliança nos Estados com personalidades da política. Em Minas, por exemplo, tenho conversado com a turma do Romeu Zema e, na Bahia, com o ACM Neto", disse Paulinho da Força. A estratégia, no caso, é para construir os movimentos "Lulema", em Minas, e "Luneto", na Bahia.
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O governador Romeu Zema tentará a reeleição pelo Novo, com apoio do Solidariedade, e ACM Neto é pré-candidato do União Brasil ao governo da Bahia. Antes da ofensiva para atrair eleitores de Zema, o PT começou a negociar o apoio do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que vai disputar o governo de Minas. Até agora, porém, há impasse nas tratativas com Kalil por causa de divergências em relação à vaga para o Senado.
Dividido entre a adesão a Lula e a Bolsonaro, o PSD — comandado por Kassab — não terá candidato próprio ao Planalto e deve liberar os diretórios para que apoiem quem bem entenderem. Kassab chegou a convidar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e também o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung para que se candidatassem ao Planalto, mas não obteve sucesso na empreitada.
Desembarque
O União Brasil, por sua vez, desembarcou do grupo da terceira via, que tem enfrentado dificuldades para lançar chapa única à sucessão de Bolsonaro. Até agora, por exemplo, não há acordo entre o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB). Após desistir desse casamento, o União Brasil anunciou como pré-candidato seu presidente nacional o deputado Luciano Bivar (PE).
Como mostrou o Estadão, o Planalto ameaçou tirar cargos do partido, caso fosse selada a aliança do partido com o MDB, PSDB e Cidadania. A ideia é levar uma parte do União Brasil — que tem quase R$ 1 bilhão de recursos dos fundos eleitoral e partidário, além do maior tempo de TV na campanha — para apoiar o projeto de reeleição de Bolsonaro.
Ainda assim, Paulinho da Força tem procurado nomes conhecidos do PSD e do União Brasil, que possam garantir a liberação de bancadas. No PSD, por exemplo, ele mantém conversas com o senador Omar Aziz (AM), que foi presidente da CPI da Covid, e com o deputado Marcelo Ramos (AM). Vice-presidente da Câmara, Ramos chegou a comparecer ao ato que selou a aliança entre o Solidariedade e o PT, no último dia 3.
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Em meados de abril, a relação entre o presidente do Solidariedade e o PT chegou a ficar estremecida. O deputado demonstrou descontentamento com vaias que recebeu em um encontro de Lula com sindicalistas. Na ocasião, ele questionou se a disposição do petista em construir uma aliança ampla para derrotar Bolsonaro era para valer. O atrito foi contornado numa reunião organizada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
De qualquer forma, assim como o ex-governador Geraldo Alckmin — que se filiou ao PSB após 33 anos nas fileiras tucanas e foi escolhido vice na chapa de Lula —, o nome de Paulinho da Força está longe de ser consenso entre militantes do PT. Um dos motivos citados para a desconfiança é o de que, em 2016, os dois defenderam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
No lançamento da chapa com Alckmin no dia 7, o ex-presidente fez acenos a forças políticas de centro. "Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e às mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do País. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania" afirmou o petista.
Aliados do ex-presidente admitiram, nos bastidores, que a aliança atual é considerada insuficiente e há a necessidade de se aglutinar mais forças políticas ao centro para se formar, de fato, uma frente ampla.
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