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Eleições 2024: qual será o papel da inteligência artificial no pleito municipal?

No início desse ano, o TSE divulgou resoluções sobre como as campanhas devem lidar com a Inteligência Artificial. O programa Eleições 2024 se debruçou de como as regras podem impactar o eleitor

Publicado em 17 de abril de 2024 às 14h00.

Última atualização em 17 de abril de 2024 às 14h03.

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As eleições municipais desse ano serão um grande laboratório para o pleito de 2026 em relação a utilização da inteligência artificial nas campanhas eleitorais, segundo Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, no segundo episódio do podcast Eleições 2024 da EXAME.

"Será o grande tema dessa eleição municipal. O pleito vai ser um grande laboratório para as eleições de 2026, que é quando a corrida eleitoral atrai mais atenção", disse Schulman.

O assunto ganhou foco nas últimas semanas após o MDB, partido do atual prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes, entrar na Justiça eleitoral contra a pré-campanha da deputada Tabata Amaral (PSB) por uso de deepfake. A pré-candidata divulgou um vídeo em suas redes sociais em que Nunes é colocado no corpo de Ryan Gosling, ator americano que interpreta o boneco Ken no filme "Barbie". A deputada apagou o vídeo e publicou outra versão. 

"Essa questão da Tabata pode ser considerada uma linguagem de rede social. Se você entrar que toda linguagem das redes, toda paródia ou brincadeira vai entrar como deepfake, não vai ter fim [a disputa na Justiça]. De qualquer forma, a pré-campanha do Nunes está no seu direito de se defender. Teriamos que fazer uma distinção do que seria uma deepfake para enganar o eleitor e o que é uma trucagem ou brincadeira. Mas adianto que será difícil determinar isso agora, deve ficar em uma zona cinzenta", disse a especialista.

Resolução do TSE sobre IA

A prática foi proibida pelo TSE em uma resolução publicada no início desse ano. Além de proibir o deepfake, o tribunal exige que as campanha informem se os conteúdos compartilhados utilizarem IA, restingriu o uso de chatbots e avatares para intermedir a comunição da campanha e determinou que as redes sociais devem retirar do ar, sem a necessidade de ordem judicial, materiais que promovam condutas e atos antidemocráticos e também discursos de ódio, como racismo, homofobia, fascismo e qualquer tipo de preconceito.

"A resolução do TSE é um avanço. Eu sou vice presidente do Camp, que é o clube associativo de marketing político. Nós tivemos uma atuação grande e sugerimos a proibição de deepfake, por exemplo. Conseguimos levar isso para a resolução. Não interessa para quem faz campanha enganar o eleitor, por mais que as pessoas tenham esse olhar sobre esse trabalho. Não queremos que exista na campanha um material que coloca um candidato dizendo uma coisa que ele não falou de fato", afirmou Schulman.

Schulman afirmou ainda que apesar do avanços, é difícil prever como será a utilização da tecnologia e se os TREs serão capazes de monitorar todos os casos. Ela lembrou que a eleição municipal tem a pecularidade de pulverização de milhares de campanhas ocorrendo de forma simultânea.

"Nas campanhas grandes eu não tenho dúvida que vai existir um monitoramento. Mas não podemos esquecer que estamos entrando em uma campanha municipal com mais de 5500 cidades com pelo menos cinco candidatos a prefeito, além dos candidatos de vereadores. Estamos falando de muitas campanhas acontencendo ao mesmo tempo", disse.

A CEO do IDEA alerta que salienta que esforço do TSE é louvável para resolução, mas que o caminho para resolver questões relacionadas a desenformação está aliada totalmente a educação e cultura da população.

Outros pontos como a proibição do chatbots, mais detalhes da resolução, as punições das campanhas que utilizarem IA de forma irregular e as regras para as bigtechs também forama abordados no 2º episódio do programa. A EXAME vai realizar programas semanais para analisar e trazer bastidores das campanhas das capitais brasileiras, com olhar especial para São Paulo, cidade onde fica localizada a redação da EXAME.

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