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Eleições 2024: o poder do voto feminino em SP — e as últimas pesquisas na capital após cadeirada

Programa Eleições 2024 debateu as movimentações das campanhas após as últimas pesquisas e como o voto feminino pode definir o pleito

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 21 de setembro de 2024 às 12h25.

Última atualização em 21 de setembro de 2024 às 13h43.

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Após o episódio da cadeirada no debate da TV Cultura e as últimas pesquisas mostrarem uma queda no percentual de votos e o aumento da rejeição, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) parece recalcular a rota para tentar atrair mais eleitores e superar Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) na disputa em São Paulo, segundo análises de Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Ideia, e de Renato Meirelles, presidente do instituto Locomotiva, no programa Eleições 2024 da EXAME.

"A reação do Pablo Marçal foi mais importante do que a cadeirada em si. Quando ele se compara com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com a facada, sendo que o primeiro caso foi atentado grave e o segundo foi uma briga entre candidatos, ele atrai uma rejeição do eleitor", diz Schulman.

Após deixar o debate da Cultura no último domingo, Marçal foi levado de ambulância ao hospital Sírio-Libanês. Um vídeo divulgado em seu Instagram mostrou o candidato deitado em uma maca, com expressão de dor e uma máscara de oxigênio.

Em boletim médico, o hospital informou que Marçal sofreu um trauma no tórax e no punho "sem maiores complicações".

Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Ideia, 68% das menções tiveram viés negativo a Marçal, enquanto 32% foram positivas. Foram coletadas 13,7 mil reações entre os dias 18 e 19 de setembro. Nesta semana, o candidato confessou que foi feito "uma cena" e que ele conseguiria ir "correndo para o hospital".

"Por mais que todos os eleitores achassem que o José Luiz Datena (PSDB) errou, na prática, a maioria entendeu que Marçal também estava merecendo. É como se fosse aquele aluno da 5ª série D que fizesse bullyng com todo mundo e levasse uma porrada de um coleguinha mais fraco", diz Meirelles.

Durante o encontro do SBT, realizado na última sexta-feira, 20, Marçal afirmou que pretende adotar uma nova postura a partir de agora. Segundo o ex-coach, a campanha "começa agora", e ele já mostrou a sua "pior versão" para a população. Agora, ele deseja provar que tem postura de governante.

Schulman avalia que a ideia de Marçal de mudar a imagem pode gerar uma reação negativa do eleitor, mas salienta que isso mostra uma leitura do candidato de que a sua postura não estava mais dando o resultado.

"Entendo o que ele está fazendo, mas a gente que trabalha com comunicação política sabe que isso é o que o eleitor não gosta, por não entender direito quem é o candidato, que muda de imagem em um espaço tão curto de tempo. A minha hipótese é que essa estratégia não vai funcionar", afirma Cila.

O CEO do Locomotiva coloca que a estratégia de Marçal no início da campanha foi atrair a atenção, mesmo que fosse de forma negativa. Mas nesse momento da corrida eleitoral, o candidato do PRTB precisa mostrar mais.

"Agora não basta mais a lógica do falem mal, mas falem de mim. É necessário que as pessoas falem bem dele, mas para isso, para além de parar de agredir os colegas, ele precisa de propostas mais eficientes que um teleférico", afirma Meirelles.

Poder do voto feminino em São Paulo

Segundo o estudo Mulheres na cidade, da W.LAB, uma parceria entre o Locomotiva, Ideia e PiniOn, a maioria da população brasileira, composta por mulheres, decide o voto de forma diferente dos homens.

Por serem mais impactadas pelas políticas públicas na vida cotidiana, o racional por trás da decisão de voto está muito mais ligado às possíveis entregas para melhorar sua vida do que, necessariamente, a uma posição política polarizada entre esquerda o direita.

Ao relacionar o levantamento com a corrida de São Paulo, Cila aponta que Marçal tem como um dos principais desafios conquistar o voto feminino. E apesar de ter uma vice mulher, a sua postura e discurso bélico afastam as eleitoras, que no geral estão preocupadas com as propostas e políticas públicas para a cidade.

"Ele já não tinha o voto das mulheres, mas passa a cair entre as eleitoras, além de aumentar a sua rejeição. Esse é um desafio, ainda mais depois da cadeirada, que ele não parece que vai superar", diz a presidente do Ideia.

Sobre Boulos, Cila aponta que as propostas relacionadas à saúde e às área sociais, aliadas à presença de Marta com um papel central na campanha, cumprem o papel de tentar trazer essas eleitoras.

"Ele consegue navegar bem melhor na questão das mulheres", diz.

Em relação a Nunes, a presidente do Ideia avalia que as entregas de obras do atual prefeito pela cidade atraem o público feminino, que vê as mudanças em seu cotidiano.

Meirelles acrescenta que pesquisas mostram que a maioria dos eleitores que ainda estão indecisos nos levantamentos espontâneos são mulheres das classes C e D, que historicamente decidem o voto perto da eleição.

"Algumas pessoas falam que essas mulheres não estão interessadas, mas isso não é bem verdade. Essas mulheres querem pensar melhor, querem olhar para as propostas e entender de fato quem tem condições de melhorar as condições no seu bairro, na sua rua e na escola dos seus filhos", explica.

O especialista aponta que esses são os votos que estão em aberto neste momento da disputa, e por isso as campanhas precisam oferecer políticas públicas que dialoguem com essas mulheres para atrair o voto.

"As campanhas precisam olhar com atenção para as mulheres da periferia, porque, no limite, são elas que decidirão o resultado das eleições", conclui.

O episódio ainda discutiu as estratégias de Boulos e Nunes, o impacto da cadeirada para Datena e os dados do estudo do Ideia e do Locomotiva "Mulheres na cidade", que fala sobre como as eleitoras pensam para decidir o voto.

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