Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 12 de outubro de 2024 às 12h28.
O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) terão o desafio, neste segundo turno, de buscar os votos do influenciador Pablo Marçal (PRTB), que terminou na terceira posição com 1,7 milhão de votos. Esses votos estão ligados a um eleitor antissistema, cansado da política, avalia Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Ideia.
“Por ser um eleitorado jovem da zona leste e um pouco da zona norte, vejo que estão relacionados a uma ideia de que o ‘sonho de uma vida melhor acabou’”, diz Schulman no programa Eleições 2024 da EXAME.
Cila explica que esse recorte da população, historicamente, estava mais ligado a partidos e candidatos progressistas, mas migrou para Marçal devido à perda de paciência com a política.
“É um jovem que olha para figuras como Marçal e se projeta. Ele olha e não quer mais esperar pelo governo, quer empreender”, afirma.
Na avaliação de Schulman, Boulos foi o candidato que mais captou a mensagem necessária para atrair esse eleitor.
“Ele está conseguindo endereçar, mas a esquerda tem dificuldade de entender esse mundo novo. O Boulos parece mais conectado”, diz a presidente do Ideia.
Boulos esteve em Brasília nesta semana e apresentou propostas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Fernando Haddad para atrair eleitores neste segundo turno.
Entre as medidas destacadas por Boulos estão propostas para motoristas de aplicativos como Uber e 99, além de planos para liberar publicidade em táxis e facilitar a transferência de alvarás. Essas iniciativas fazem parte de uma estratégia focada no estímulo ao empreendedorismo.
Apesar do esforço, as pesquisas públicas mostram que Nunes conseguiu atrair mais de 80% dos votos de Marçal e uma parcela significativa do eleitorado de Tabata Amaral (PSB). Agora, ele lidera a disputa. Segundo o agregador EXAME/IDEIA, o emedebista tem 52% das intenções de voto.
“Esse eleitorado do Marçal tende a ir mais para a direita, ou seja, para o Nunes, como vimos no primeiro levantamento do Datafolha neste segundo turno. Já o eleitorado da Tabata é mais de opinião, o que explica a divisão tanto para Boulos quanto para o atual prefeito”, explica Schulman.
Sobre a estratégia de Nunes, Schulman comenta que em "time que está ganhando não se mexe" e sugere que o prefeito deve seguir com a mesma abordagem para se manter competitivo até o fim da campanha.
No entanto, o principal desafio de Boulos, segundo Cila, será a rejeição elevada. Ele apareceu nas últimas pesquisas com mais de 50% de rejeição, o que pode dificultar seu crescimento.
“Quanto menos confusão e menos fatos novos surgirem, melhor para quem está na frente. Esse é o caso de Nunes”, conclui a analista.
O programa ainda discutiu as primeiras propagandas eleitorais em São Paulo, o cenário de disputa nacionalizada e qual foi a direita que saiu do resultado do primeiro turno.