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Eleições 2024: como vento recorde e falta de luz em SP movimentam as campanhas de Boulos e Nunes

Campanhas de Nunes e Boulos tentam responder aos estragos das chuvas que atingiram São Paulo

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 12 de outubro de 2024 às 10h26.

Última atualização em 13 de outubro de 2024 às 09h14.

As campanhas do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do deputado Guilherme Boulos (PSOL) seguem observando e planejando como se posicionar diante dos estragos da forte chuva que atingiu a capital na noite de sexta-feira, 11. O prefeito e o deputado se enfrentam no segundo turno da eleições na cidade de São Paulo.

Segundo balanço da Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia na cidade, 900 mil pessoas seguem sem energia. Deste número, 552 mil são da capital paulista.

A Enel ainda não divulgou quais bairros seguem sem luz na manhã deste domingo, 13. A Defesa Civil do Estado de São Paulo informou que o temporal trouxe a maior rajada de ventos desde 1995 e, até o momento, sete mortes foram registradas.

Nesse início de segundo turno, esse "fato novo" pode comprometer a avaliação da administração de Nunes e fortalecer as críticas de Boulos, avalia Cila Schulman, presidente do instituto de pesquisa Ideia.

“Desastres naturais podem, sim, mudar o rumo de uma eleição, portanto o prefeito Ricardo Nunes precisa redobrar os cuidados com ações preventivas e com suas declarações”, afirma Schulman.

Nunes, que tinha um compromisso em uma igreja na manhã do sábado, desmarcou a agenda de campanha e foi ao centro de monitoramento da prefeitura, o Smart Sampa. O prefeito culpou a Enel pela falta de energia e chamou Boulos de oportunista. "Esses problemas foram causados em 17 estações de alta tensão da Enel, que, inclusive, não ficam na cidade de São Paulo", disse Nunes em coletiva no sábado.

No sábado, 12, aliados de Nunes informaram que estão reunindo dados para orientá-lo a comunicar-se da melhor forma com a população.

Boulos, por outro lado, começou na noite de ontem a publicar vídeos criticando a administração de Nunes por falta de ação durante a chuva. O candidato é um dos afetados pela falta de energia, que já dura 14 horas em sua casa. Para a equipe de Boulos, os danos causados pela tempestade reforçam a imagem de que a gestão de Nunes não dá respostas rápidas à população.

O deputado cancelou agendas na zona leste e anunciou que vai permanecer no Campo Limpo, na zona sul, para ajudar pessoas afetadas pela chuva. Boulos deve falar com a imprensa durante o dia.

“Cada candidato está em seu papel: Boulos nas ruas, mostrando os estragos e cobrando o poder público, enquanto Nunes circula para verificar os danos e pressiona a Enel pela falta de energia”, avalia Schulman.

Durante o primeiro turno, Boulos criticou a gestão de Nunes relembrando novembro de 2023, quando parte da cidade ficou mais de sete dias sem energia. No debate da TV Record, o deputado questionou o paradeiro de Nunes enquanto a população enfrentava dificuldades. O psolista acusou o prefeito de assistir à Fórmula 1 em um camarote, ignorando a situação crítica enfrentada pela cidade.

Paralelo com Porto Alegre

Ao analisar o cenário em São Paulo, Schulman cita a tragédia das enchentes em Porto Alegre, que causou mortes e prejuízos financeiros na cidade.

Ela lembra que o atual prefeito Sebastião Melo (MDB) foi para o segundo turno contra a deputada federal Maria do Rosário (PT), apesar das críticas pela falta de ações preventivas.

“A opinião pública tende a considerar que chuvas são intempéries da natureza, e não culpa direta dos governantes. O importante é como o prefeito reage – se ele está presente, demonstra empatia e atitude. Mesmo com uma possível responsabilidade de Melo na gestão das comportas, o eleitor pode premiá-lo com a reeleição”, explica Schulman.

Assim como em Porto Alegre, Boulos enfrenta alta rejeição, o que pode dificultar uma virada, mesmo com a crise climática atual. A analista destaca que Nunes deve ser cuidadoso em sua comunicação com a população.

Uma frase mal colocada pode desgastá-lo e comprometer a imagem de sua administração, influenciando o resultado nas urnas”, conclui Schulman.

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