Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 6 de julho de 2024 às 16h17.
A três meses das eleições municipais, o Brasil tem capitais com diversos cenários, que vão desde atuais prefeitos favoritos à reeleição até cenários embolados com vários pré-candidatos empatados nas pesquisas eleitorais.
Neste sábado, 6, uma nova fase da disputa foi iniciada, com os políticos proibidos de realizarem inaugurações ou anúncios de obras. A EXAME mostrou como os incumbentes aceleraram a agenda de entregas para mostrar serviços para a população. O próximo passo no calendário eleitoral deste ano serão as convenções partidárias, que vão confirmar os candidatos, para então, em agosto, as campanhas iniciarem de fato.
A EXAME detalhou a disputa para prefeito em dez capitais com uma ou mais pesquisa eleitoral. Veja a seguir:
Na capital paulista, as últimas pesquisas divulgadas mostram um cenário mais incerto do que no início do ano, resultado da entrada de novos atores na disputa. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) segue empatado tecnicamente com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) na liderança, mas viu o influenciador Pablo Marçal (PRTB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB) “roubarem” intenções de votos mais à centro-direita.
Nas últimas semanas, as movimentações da dupla líder das pesquisas foram diferentes. Enquanto Boulos parece “jogar parado”, sem grandes novidades na pré-campanha, mas intensificando uma agenda de rua com a sua pré-candidata a vice, Marta Suplicy (PT), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ministros, Nunes terceirizou o anúncio do seu vice, o coronel da reserva da PM e ex-Rota, Ricardo Mello Araújo, ao governador Tarcísio de Freitas, e intensificou a agenda de entregas na cidade.
Hoje, Datena, Marçal e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) formam um segundo pelotão em busca de desidratar os líderes. Datena e Marçal surgiram na disputa marcando dois dígitos, mas ainda vivem com a desconfiança do meio político se estarão nas urnas em outubro. Amaral não cresceu nos últimos meses, mas mantém números resilientes para uma pré-candidata com alta taxa de desconhecimento.
A capital fluminense caminha para reeleger o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), segundo as últimas pesquisas. Todos os adversários somados não chegam a metade das intenções de votos do prefeito, que aparece com porcentagens entre 48% e 53%. Os adversários mais bem posicionados no momento são o deputado federal Delegado Ramagem (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e o psolista Tarcísio Motta (PSOL), que não passam de 12% nas pesquisas. Nenhum dos dois parece, pelo menos no momento, capaz de ameaçar Paes.
Enquanto nada de braçada nas pesquisas e aumenta sua avaliação positiva de governo, Paes lida com a pressão para indicar o seu vice. O presidente Lula e o PT, que apoiam a candidatura, pleiteiam a vaga. A ideia de Paes, porém, parece ser indicar um aliado do PSD.
A capital pernambucana é mais uma onde a eleição parece resolvida sem a campanha nem ter começado. O atual prefeito João Campos (PSB) lidera com mais de 70% em algumas pesquisas. A grande questão da sua pré-campanha hoje é quem será o seu vice. O PT exige a vaga em troca de um eventual apoio ao nome de Campos para a disputa ao governo do estado em 2026.
Os adversários de Campos hoje são Daniel Coelho (PSD), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), Dani Portela (PSOL), Simone Fontana (PSTU) e Técio Teles (Novo). Nenhum marca um percentual de intenções de votos de dois dígitos nas pesquisas.
A capital mineira tem um dos cenários mais indefinidos do Brasil. Diferentes pesquisas mostram empate técnico entre três ou mais candidatos na liderança. Fuad Noman (PSD), o atual prefeito, enfrenta o desafio do desconhecimento, por ter assumido o cargo após Alexandre Kalil (PSD) deixar a prefeitura para disputar o governo do estado, e não ter uma grande marca da sua gestão. Ele também não tem o apoio do seu ex-companheiro de chapa.
Entre os nomes postos nesse momento da corrida eleitoral, o mais competitivo é do deputado estadual e apresentador do Cidade Alerta-BH, Mauro Tramonte (Republicanos). Ele lidera numericamente os cenários de primeiro turno e vence seus principais adversários em projeções de segundo turno.
Apesar disso, o cenário mostra outros nomes, como o ex-deputado estadual João Leite (PSDB), a deputada federal Duda Salabert (PSOL), que costurou um acordo por uma chapa com Rogério Correia (PT), o deputado estadual Bruno Engler (PL), apoiado por Bolsonaro, e o senador Carlos Viana (Podemos).
Na capital do Paraná, a disputa se mostra aberta com diversas figuras conhecidas da política curitibana como pré-candidatos. O atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), aparece na frente, mas longe de ter uma margem confortável.
Outro candidato que se mostra competitivo na disputa é o deputado federal e ex-prefeito da cidade, Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que aglutinou o apoio do PT e de Lula em torno do nome do PSB. O deputado estadual Ney Leprevost (União) e os ex-governadores Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (Mobiliza) também estão no páreo.
Devastada após as enchentes que atingiram todo o estado do Rio Grande do Sul no início de maio, Porto Alegre viu o cenário das eleições mudar. O atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), que liderava as intenções de votos de forma isolada, viu seu capital eleitoral diminuir e a deputada federal Maria do Rosário (PT) avançar. Hoje, a dupla aparece tecnicamente empatada nas pesquisas, com Rosário à frente numericamente.
Outro pelotão da disputa inclui Juliana Brizola (PDT), Any Ortiz (Cidadania), Doutor Thiago Duarte (União), Luciano Zucco (PL) e Felipe Camozzato (Novo).
Em Manaus, a disputa aparece neste momento empatada entre o deputado federal Amom Mandel (Cidadania), de apenas 23 anos, o atual prefeito, David Almeida (Avante), e o Capitão Alberto Neto (PL), apoiado por Bolsonaro. Roberto Cidade (União Brasil) e Marcelo Ramos (PT) também se mostram como candidatos competitivos com dois dígitos na disputa.
Na capital que vai receber a COP30, o deputado federal delegado Éder Mauro (PL), apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro, lidera as últimas pesquisas. O deputado estadual, Igor Normando (MDB), aparece em segundo e tem o apoio do governador Helder Barbalho (MDB)
O atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), convive com uma alta rejeição e aparece apenas em terceiro. Rodrigues teve uma crise relacionada à zeladoria da cidade, com problemas com empresas de coleta de lixo. A ideia do psolista foi acelerar entregas para tentar reverter o quadro difícil na corrida eleitoral.
Na capital da Bahia, o atual prefeito, Bruno Reis (União), lidera com folga rumo à reeleição, com alta taxa de aprovação. Todos os adversários somados, até o momento, não têm nem metade das intenções de votos de Reis. O principal concorrente na disputa é o vice-governador do estado, Geraldo Júnior (MDB), seguido por Kleber Rosa (PSOL).
Em Fortaleza, a disputa se concentra entre o ex-deputado federal Capitão Wagner (União), o atual prefeito, José Sarto (PDT), André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT). Wagner aparece nas últimas pesquisas à frente, mas vê Sarto e Fernandes no retrovisor. O pré-candidato do PL, inclusive, é um concorrente direto do ex-deputado federal por disputar votos da direita e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro nome na direita que está no pleito é o senador Eduardo Girão (Novo).
A cidade, assim como o restante do estado, enfrenta um problema de segurança pública, o que tem minado a popularidade de Sarto. No último mês de junho, Fortaleza teve uma chacina que deixou quatro mortos.