Nesta eleição, pela primeira vez, todas as 26 capitais brasileiras podem ter uma segunda etapa de votação (Arquivo/Agência Brasil)
Repórter
Publicado em 5 de outubro de 2024 às 14h36.
Última atualização em 5 de outubro de 2024 às 17h14.
Apesar do recorde de reeleição nesta eleição municipal de 2024 previsto por especialistas, pelo menos 15 das 26 capitais podem ter segundo turno, de acordo com pesquisas eleitorais. A disputa aparece acirrada principalmente em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal e Aracaju, onde há empates ou os dois primeiros colocados ainda são incertos.
A possibilidade de segundo turno é aberta nas cidades com mais de 200 mil eleitores e pela ausência de maioria absoluta dos votos válidos. Isso significa que um candidato precisa obter metade mais um dos votos válidos, sem contar nulos e brancos. Caso contrário, as duas candidaturas mais votadas avançam para a disputa final nas urnas no dia 27 de outubro.
Nesta eleição, pela primeira vez, todas as 26 capitais brasileiras podem ter uma segunda etapa de votação. Nos pleitos anteriores, Palmas estava de fora por não ter a quantidade de eleitores necessária. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a capital do Tocantins atingiu a marca de 209 mil registros e passa a ter segundo turno.
Palmas, inclusive, está entre as 15 cidades que podem voltar às urnas em 27 de outubro, de acordo com levantamento feito pela EXAME com base nas pesquisas eleitorais do principais institutos, como Datafolha, Quaest, Real Time Big Data, AtlasIntel, Ideia, Paraná Pesquisas e Futura Inteligência. O embate pode se dar entre a deputada estadual Janad Valcari (PL) e o ex-prefeito e ex-deputado Eduardo Siqueira Campos (Podemos).
Os dois são os principais colocados, mas Janad aparece em todas as pesquisas na liderança, com uma vantagem de 44% contra 27,7%, segundo o Paraná Pesquisas, e com chance também de vitória ainda no primeiro turno, neste domingo, 6, com 49% a 23% de Campos, como apontou a Futura Inteligência/100% Cidades mais recente.
Rio Branco tem um cenário parecido com a capital tocantinense, onde o confronto pelo poder Executivo municipal se dá entre o atual prefeito e candidato à reeleição, Tião Bocalom (PL), e o ex-prefeito Marcus Alexandre (MDB).
Bocalom que já mostrando uma vantagem de pelo menos 10 pontos percentuais sobre o principal oponente, cresceu na disputa nesta reta final e também pode levar a prefeitura no primeiro turno. Ele aparece com 50% no estudo do real Time Big Data desta quinta, 3, e com 49,4% na pesquisa Futura, neste semana, onde antes tinha 43% contra cerca de 30% de Alexandre.
Por outro lado, o segundo turno com os dois candidatos definidos parece evidente em Belém, Goiânia, Porto Alegre e Teresina.
Na capital paraense, as pesquisa indicam que a prefeitura deve ser disputada no segundo turno pelo deputado estadual Igor Normando (MDB) e o deputado federal Delegado Eder Mauro (PL). O município é um dos poucos entre os 10 que o atual prefeito pode se reeleger, nesse caso, o chefe do Executivo de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), aparece em terceiro nas pesquisas.
Enquanto Normando chega a ter 43,7% das intenções de voto, seguido por 25,7% de Eder Mauro, na AtlasIntel desta semana. O candidato do MDB também aparece na liderança com 40% contra 27% do oponente do PL, segundo a Futura.
O segundo turno em Goiânia também parece definido entre o empresário Sandro Mabel (União Brasil) e deputada federal Adriana Accorsi (PT).A última pesquisa Quaest, do dia 17 de setembro, mostrou Mabel na liderança com 24%, em um empate técnico com Accorsi, que tem 22%.
A disputa na capital de Goiás tem sido palco de um cabo de força entre padrinhos políticos da direita: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). O primeiro apoia Fred Rodrigues (PL) que aparece em terceiro em praticamente todas as pesquisas eleitorais. Já Caiado tem como pupilo o candidato do União.
Nesse cenário de divisão da direita, a petista tem como estratégia "não pregar para convertidos" e aposta na divisão dos votos para garantir uma vaga no segundo turno.
Uma divisão de votos ocorre ainda em Porto Alegre, porém pelo espectro político da esquerda. Na capital gaúcha, o atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), lidera com 32,%%, segundo a pesquisa AtlasIntel. Os estudos mostram que o cenário mais provável é que Melo dispute o segundo turno contra a deputada federal Maria do Rosário (PT), que tem 28,9% na mesma pesquisa.
Nas últimas semanas, porém, o cenário passou a ser incerto para a petista, com a tendência de alta da ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT) que disputa os votos no mesmo campo político de Maria do Rosário.
A pedetista registrou 22,7% das intenções de voto. No último debate realizado pela TV Globo, contudo, as duas fizeram "dobradinha" para pautar a responsabilidade do atual prefeito sobre as enchentes que destruíram a cidade no final de abril. A aposta foi desidratar o potencial de voto de Melo, – que na Futura registrou chance de levar a prefeitura no primeiro turno –, acusando-o por falhas no sistema de proteção de cheias da capital gaúcha, que causaram a inundação de mais de 40 bairros e afetaram cerca de 160 mil pessoas diretamente.
Já em Teresina, o segundo turno deve ser disputado entre o ex-prefeito Silvio Mendes (União Brasil) e o deputado estadual Fábio Novo (PT).
A capital do Piauí é outra cidade em que, apesar do recorde de reeleição previsto, não deve garantir um segundo mandato ao atual mandatário e candidato à reeleição, Dr. Pessoa (PRD), que vem aparecendo em terceiro na pesquisa.
Na pesquisa da empresa 100% Cidades, em parceria com a Futura Inteligência, divulgada à EXAME no dia 24 de setembro, Mendes registrou 43,6% das intenções de voto contra 39,5% de Fábio Novo.
As outras nove capitais prometem uma disputa ainda mais emocionante, principalmente em São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, onde os dois principais concorrentes parecem incertos.
As eleições na cidade de São Paulo seguem indefinidas com Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) empatados na liderança.
Diferentemente de outras eleições esse pleito com três forças principais, também foi marcado por muitos temas fora do convencional, grande parte trazidos à tona pelo influenciador e ex-coach Pablo Marçal, que chamou atenção pelo chamados ataques abaixo da cintura contra os adversários. A campanha paulistana também foi marcada por muita violência verbal e física e fake news.
Um dos casos mais conhecidos e repercutidos foi o da "cadeirada", em que o apresentador José Luiz Datena (PSDB) acertou com uma cadeira Marçal após ser ofendido verbalmente pelo candidato do PRTB.
Na antevéspera do pleito, Marçal publicou um documento, sem provas, que afirmava que Boulos teria sido atendido em 2021 por um surto psicótico, e que um acompanhante teria apresentado um exame toxicológico que mostraria a presença de cocaína no sangue do deputado. O documento, divulgado pelo influenciador para associar Boulos ao uso de drogas, apresenta um número errado no campo do RG do candidato e a assinatura de um médico que faleceu e consta como inativo no CRM.
A Justiça Eleitoral reconheceu neste sábado, 5, indícios de falsidade no documento divulgado por Marçal e determinou a exclusão de vídeos publicados no Instagram, TikTok e YouTube do ex-coach.
O cenário é aberto também na capital mineira, onde há empate triplo técnico entre o deputado estadual Bruno Engler (PL), o atual prefeito Fuad Noman (PSD) e o apresentador e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), de acordo com a pesquisa Datafolha. Os três aparecem com 21% das intenções de voto.
Tramonte começou a campanha liderando praticamente todas as principais pesquisas, mas nas últimas semanas foi caindo seu percentual de voto, enquanto Engler e Fuad começaram a subir e, em alguns institutos, ficaram entre as duas primeiras posições, segundo alguns institutos.
Houve uma reviravolta ainda em Fortaleza, onde o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil) esteve na liderança entre agosto e setembro, e o atual prefeito José Sarto (PDT) aparecia com uma trajetória de ascensão.
Nas últimas três semanas, contudo, os dois foram perdendo espaço para o crescimento da preferência eleitoral entre outros dois candidatos, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) e o deputado federal André Fernandes (PL).
A pesquisa Real Time Big Data apontou o petista com 26% das intenções de voto nesta quarta, 2, e o candidato do PL com 25%, um empate técnico. Já Wagner e Sarto aparecem atrás com 19% e 16%, respectivamente.
O cenário é aberto ainda em Cuiabá, onde o segundo turno pode ser entre o deputado federal Abílio Brunini (PL) e o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil), ou Brunini e o deputado estadual Lúdio Cabral (PT).
Assim como em Campo Grande. A depender do instituto, o segundo turno tende a ser entre a ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (União Brasil) e a atual prefeita Adriane Lopes, como sugere a Futura Inteligência/100% Cidades.
Já a pesquisa Quaest, por outro lado, aponta um cenário de embate entre Rose Modesto e o deputado federal Beto Pereira (PSDB).
Em Curitiba os nomes que irão ao segundo turno também estão incertos. A última AtlasIntel antes do primeiro turno aponta o atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), que é o candidato de Rafael Greca, já reeleito em 2020, na liderança pela prefeitura da capital paranaense com 29,3% dos votos válidos.
Os votos válidos, que excluem os votos em branco e nulos, determinam o resultado das eleições. Em cidades com mais de 200 mil habitantes, o candidato a prefeito que atinge mais de 50% dos votos válidos vence a disputa.
Na segunda posição, a jornalista Cristina Graeml (PMB) aparece com 25,3%, seguida pelo deputado federal Luciano Ducci (PSB), com 21,5%. Na pesquisa Futura de setembro, porém, o segundo turno parecia definido entre Pimentel e Ducci.
A última AtlasIntel antes do primeiro turno mostra ainda, em Manaus, o atual prefeito e candidato à reeleição, David Almeida (Avante), com 30,8% dos votos válidos. O segundo colocado parece ser o deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil) com 28,4%
Há dois dias atrás, porém, o segundo lugar parecia dividido entre os deputados federais Capitão Alberto e Amom Mandel (Cidadania), de acordo com o mesmo instituto.
Os nomes que disputarão o segundo na capital potiguar também está em aberto. Segundo as pesquisas, eles variam entre o empresário e deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) e o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD).
A deputada federal Natália Bonavides (PT) também aparece como competitiva e com chances de estar no segundo turno.
Quem parece garantida no segundo turno é a vereadora Emília Corrêa (PL), que lidera praticamente toda as principais pesquisas soabre a corrida eleitoral pela prefeitura de Aracaju. Na Futura Inteligência, em parceria com a empresa 100% Cidades, ela aparece na disputa contra o advogado Luiz Roberto (PDT), que é o candidato da situação, apoiado pelo atual prefeito, Edvaldo Nogueira (PDT).
A candidata do PL também tem chances de voltar às urnas no dia 27 de outubro contra a deputada federal Yandra (União Brasil) que aparece na segunda posição na pesquisa AtlasIntel no final de setembro.
No segundo turno, o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos será eleito, ou seja, vence quem receber mais votos em comparação ao adversário.
A EXAME faz a cobertura ao vivo das Eleições 2024. É possível acompanhar, a partir das 17h do domingo, 6, o resultado das urnas nas disputas para prefeito em todas as capitais do Brasil.
Também é possível acompanhar a apuração pelo aplicativo de celular Resultados, disponíveis no Google Play ou na App Store. A Justiça Eleitoral também criou uma página na internet especificamente para este fim.