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Eleição teve "desempate por idade" e eleitos com mais de 90% dos votos

Em algumas cidades, a eleição municipal realizada neste domingo, 15, teve aprovação quase unânime de um candidato. Em outras, o desempate foi difícil

Fila para votar no Rio: eleição foi a maior da história (Ricardo Moraes/Reuters)

Fila para votar no Rio: eleição foi a maior da história (Ricardo Moraes/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 09h52.

Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 15h55.

A eleição municipal deste domingo, 15, foi a maior já realizada no Brasil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E dentre os 5.567 municípios com votações, alguns viveram situações curiosas.

Em algumas cidades, candidatos tiveram a impressionante marca de mais de 90% dos votos dos eleitores. Um dos casos emblemáticos é em Porto Feliz, na região de Sorocaba (SP), onde o prefeito Dr. Cássio (PTB) ganhou com mais de 92% do total, ou mais de 25.000 votos. O segundo colocado, Marola (DEM), teve só 5,70%.

O prefeito virou "garoto-propaganda" da cloroquina e da ivermectina (medicamentos não comprovados contra a covid-19) e ganhou popularidade entre a população. A cidade paulista tem cerca de 200.000 eleitores.

Em Goiás, a cidade de Aparecida de Goiânia, segunda maior do estado, também reelegeu o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) com incríveis 95,81% dos votos, ou mais de 197.000 eleitores. A segunda colocada, Márcia Caldas (Avante), teve 3,02% dos votos e foi à urna "sob judice", com problemas com a Justiça Eleitoral.

Municípios menores em todo o Brasil também tiveram cenário de quase unanimidade. Em São Pedro dos Crentes, primeira cidade a divulgar o resultado no Maranhão, o atual prefeito Lahesio (PSL) -- apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro -- ganhou a reeleição com 90% dos votos. O PSL também elegeu a vereadora mais votada da cidade, Eliane Cigana.

No Mato Grosso do Sul, houve casos como em Chapadão do Sul, onde João Carlos Krug (PSDB) foi reeleito com 90,96% dos votos dentre os menos de 14.000 votos da cidade. Já Ponta Porã reelegeu Hélio Peluffo (PSDB) com 90,36% dos votos dentre os 47.000 votos na cidade.

Em algumas cidades, a unanimidade chegou ao limite. Mais de 100 cidades só tiveram um candidato na urna, de modo que o postulante só precisou de um voto para se eleger. Isto é, bastou que os candidatos votassem em si mesmos. Cidades com esse perfil têm menos de 25.000 habitantes nesta eleição e estão espalhadas por todo o Brasil: São Paulo, por exemplo, teve nove cidades sem concorrência.

Apesar de longe dos 90% dos votos do interior, algumas capitais tiveram votação impressionante para um dos candidatos, levando à vitória dos postulantes em primeiro turno -- mesmo em cidades com mais de 1 milhão de habitantes, que teriam exigência de segundo turno se houvessem vitórias menores. Para vencer no primeiro turno, são necessários 50% dos votos mais um voto. 

Dentre os eleitos já no primeiro turno em capitais, a maior vitória foi de Bruno Reis (DEM), que levou a Prefeitura em Salvador com 64,2% dos votos. Reis foi também o único eleito em primeiro turnos nas capitais que já não era o atual prefeito -- o prefeito eleito é vice do atual prefeito, ACM Neto (DEM), que já governou por dois mandatos.

A segunda maior vitória foi de Alexandre Kalil (PSD) em Belo Horizonte, reeleito com 63,4% dos votos. A última vitória em capitais na casa dos 60% dos votos foi de Rafael Greca (DEM) em Curitiba, com 59,74% dos votos.

Além de Curitiba e Salvador, outras cinco capitais elegeram os prefeitos no primeiro turno, embora com margens menores para o vencedor: Gean Loureiro (DEM) em Florianópolis, Alexandre Kalil (PSD) em Belo Horizonte, Marquinhos Trad (PSD) em Campo Grande e Álvaro Dias (PSDB) em Natal. Em Palmas, no Tocantins, onde não há segundo turno, Cinthia Ribeiro (PSDB) também confirmou a vitória ontem.

Disputas acirradas

Na outra ponta, o caso da disputa mais acirrada do país na eleição veio de Caraúbas, na Paraíba. Na cidade, a disputa foi decidida por idade. O atual prefeito Silvano Dudu (DEM) e o rival Nerivan (MDB) tiveram cada um 1.761 votos, nem um a mais ou a menos. No fim, Silvano Dudu foi reeleito porque era o mais velho entre os dois: com 52 anos, ante 35 de seu oponente. A cidade tem menos de 4.000 habitantes.

Itapuca, no Rio Grande do Sul, colocou a máxima do cada voto conta à prova. O prefeito Marcos José Scorsatto (DEM) foi reeleito por causa de apenas um voto: ele venceu com 814 votos enquanto o segundo colocado, Airton Scorsatto (PTB) teve 813 votos.

Houve também quem não votasse ontem, já que nem todos os municípios brasileiros tiveram eleição. Como de praxe, não houve eleição em Fernando de Noronha (que é território insular de Pernambuco) e no Distrito Federal.

Desta vez, Macapá, capital do Amapá, se juntou ao grupo: o TSE cancelou as eleições dia antes do pleito devido aos problemas no fornecimento de energia, que já duram mais de 10 dias no estado. A votação acontecerá em dezembro. Em outras cidades do Amapá, a eleição foi mantida mesmo com os problemas de eletricidade; mas, na capital, o TSE alegou que não conseguiria manter a segurança e lisura do pleito.

Ao todo, segundo o TSE, foram mais de 147 milhões de eleitores aptos a votar nesta eleição e mais de 556.000 candidatos (66% deles homens). Para a operação, foram mais de 473.000 urnas.

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