Toffoli reforçou na manhã desta segunda-feira (17) que buscará diálogo com os futuros presidentes da República (Carlos Humberto/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de setembro de 2018 às 13h00.
Brasília - O novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, reforçou na manhã desta segunda-feira (17) que buscará diálogo com os futuros presidentes da República, da Câmara e do Senado, "seja quem forem".
Durante café da manhã com jornalistas, Toffoli destacou a importância de se construir uma agenda em comum com os chefes do outros Poderes.
"Eu sempre sigo a máxima do (ex-ministro) Nelson Jobim: 'interlocutor não se escolhe'. Seja quem for presidente, os Poderes têm que ter o dever constitucional da harmonia e de procurar uma pauta conjunta. Procurarei fazer, sejam quem forem os futuros presidentes dos demais poderes", comentou Toffoli.
Em sua solenidade de posse na última quinta-feira (13), Toffoli já tinha defendido a harmonia entre os Poderes. Naquela ocasião, frisou que o Judiciário não é "nem mais nem menos" que o Executivo e o Legislativo, defendeu o diálogo entre diferentes setores da sociedade e destacou que os juízes precisam ter "prudência" e saber se comunicar melhor com a população.
Toffoli comandará o STF até setembro de 2020, sucedendo à ministra Cármen Lúcia, cuja gestão foi marcada por uma série de episódios turbulentos que aprofundaram as divisões internas da Corte. O ministro assumiu uma cadeira no Supremo em 2009, nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente condenado e preso no âmbito da Lava Jato.
O presidente do STF também ressaltou na conversa com jornalistas o problema dos homicídios no Brasil, considerado pelo novo presidente do STF uma "epidemia".
"É uma vergonha a impunidade sobre o número de homicídios no Brasil", criticou Toffoli, ao destacar a grande burocracia do Poder Judiciário e as falhas na atuação das partes.
Toffoli, disse, ainda, que as urnas eletrônicas brasileiras "são confiáveis". "As urnas eletrônicas são totalmente confiáveis. Os sistemas são abertos para auditagem, a todos os partidos políticos", afirmou a jornalistas.
Em transmissão ao vivo no domingo (16), o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse que as eleições de outubro podem resultar em uma "fraude" por causa da ausência do voto impresso.
"A grande preocupação realmente não é perder no voto, é perder na fraude. Então essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta", declarou Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno e vê risco de derrota em cenários de segundo turno.
Em junho deste ano, por 8 a 2, o STF derrubou a adoção do voto impresso nas próximas eleições. O uso do voto impresso para as eleições deste ano havia sido aprovado pelo Congresso Nacional em 2015, na minirreforma eleitoral.
Ao falar das eleições presidenciais de 2014, Toffoli lembrou que o então candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, pediu uma auditoria nas urnas após ser derrotado por uma pequena margem de votos para Dilma Rousseff (PT).
"Geralmente os que perdem a eleição reclamam. O então senador Aécio Neves perdeu a eleição porque não teve votos em Minas Gerais. Por que as urnas estariam dando votos pra ele em São Paulo, e não em Minas Gerais, se o sistema era o mesmo? Não tem absolutamente sentido", comentou Toffoli.
Toffoli ainda destacou que Bolsonaro "sempre foi eleito através da urna eletrônica".