Eduardo Pazuello, ministro da Saúde: volta de Lula à cena política e crise sanitária pressionam o governo (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Carla Aranha
Publicado em 12 de março de 2021 às 10h40.
Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, vêm ganhando força a ideia de trocar o comando do Ministério da Saúde. As conversas sobre a substituição do ministro Eduardo Pazuello evoluíram nos últimos dias em boa parte em função da volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cena política. Lula proferiu um discurso na última quarta, 10, logo após ter suas condenações no âmbito da Lava-Jato anuladas pelo STF, em que criticou fortemente a condução do governo na crise da Covid-19.
"É o efeito Lula", diz o analista político André Cesar, da Hold Assessoria Legislativa, com escritórios em Brasília e São Paulo. "Agora, o jogo mudou e o governo está atento às possíveis vulnerabilidades".
Em Brasília, comenta-se que a demissão de Pazuello pode ser uma questão de dias. Segundo avaliações do próprio Palácio do Planalto, o ministro vem enfraquecendo a imagem do governo devido a trapalhadas no momento mais sério da pandemia no Brasil, como a confusão no envio de vacinas para a região Norte -- no dia 25 de fevereiro, o lote de imunizantes chegou ao Amapá, quando deveria ter sido entregue no Amazonas.
A divulgação de informações desencontradas sobre as doses de vacinas que deverão estar disponíveis nos próximos meses e a habilidade duvidosa de comunicação do ministro são apontados como outros pontos fracos.
Nesta sexta-feira, dia 12, os comentários nos bastidores do Congresso e do Palácio do Planalto é que o Centrão poderá indicar um nome para ocupar a cadeira de Pazuello. A pasta da Saúde, com um dos maiores orçamentos ministeriais, é uma das mais cobiçadas.
O deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Júnior (PP-RJ), amigo pessoal de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, seria um dos nomes cogitados. O parlamentar, que é médico, foi eleito nesta quinta, dia 11, para a presidência da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), na qual são discutidos temas relacionados à saúde, previdência e assistência social. Dr. Luizinho, como é conhecido, foi secretário municipal de saúde em Nova Iguaçu (RJ), sua cidade natal, e secretário estadual no Rio de Janeiro.
"Temos mais de 270 mil pesssoas mortas no nosso país. Nós precisamos de união", disse o deputado em seu discurso de posse na CCSF nesta quinta. "Nós vivemos hoje num país conflagrado, num país que parece que perdemos nossa capacidade de estarmos unidos para enfrentarmos a pandemia. Aqui não será campo de batalha".