Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil teve uma leve alta de 2016 para 2017 (Cristiano Mariz/Site Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2019 às 12h55.
Brasília - O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil teve uma leve alta de 2016 para 2017, puxado por melhora nos indicadores de Educação e Longevidade, mas não cresceu mais por causa de uma queda no valor da renda per capita nesse período.
O chamado Radar IDHM foi publicado nesta terça-feira, 16, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em conjunto com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro (FJP). O indicador reúne informações compostas por dados relacionados a longevidade, educação e renda dos brasileiros.
Pelo indicador, o IDHM do Brasil cresceu de 0,776 para 0,778 entre 2016 e 2017, mantendo-se na faixa classificada como de "alto" desenvolvimento humano. O crescimento da esperança de vida, de 75,72 anos para 75,99 anos, foi o principal índice que elevou o IDHM Longevidade no período. A frequência escolar, por sua vez, fez subir o IDHM Educação, de 0,739 para 0,742, complementando a composição do dado geral.
Uma leve queda de 0,92% foi observada no valor da renda per capita entre 2016 e 2017, que passou de R$ 842,04 para R$ 834,31. Esse resultado, medido em período de crise econômica no País, gerou uma redução do IDHM Renda, de 0,748 para 0,747, diminuindo o fôlego de crescimento do desenvolvimento humano dos municípios.
A redução está dentro de um contexto de manutenção da desigualdade de renda no País, medida pelo índice de Gini, explica o relatório do IDHM do Brasil. O Gini, de acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, permaneceu em 0,55 nos dois anos, em uma escala que mede a disparidade de renda e que varia de 0 a 1.
Nos dados desagregados, é possível observar que o IDHM da população branca caiu de 0,819 para 0,817, e o da população negra subiu de 0,728 para 0,732. Apesar da variação, a desigualdade ainda é um ponto negativo nos indicadores brasileiros. Na renda, por exemplo, brancos chegam a ganhar cerca de duas vezes mais que os negros: R$ 1.144,76, contra R$ 580,79 mensais, aponta o estudo.
Disparidades também são verificaras entre as regiões do Brasil. Enquanto que o IDHM atingiu 0,850 no Distrito Federal e 0,837 em São Paulo no ano de 2017, ficou em 0,687 no Maranhão e 0,683 em Alagoas. Quando o quesito considerado é a renda, os Estados do Norte e do Nordeste - com exceção de Roraima - apresentaram os menores índices e foram classificados como "médio" desenvolvimento humano.
A diferença entre homens e mulheres caiu no indicador, mas elas continuam ganhando menos do que eles no índice de renda per capita. O IDHM dos homens subiu ligeiramente de 0,772 para 0,773 de 2016 a 2017, enquanto o das mulheres passou de 0,769 para 0,772 de um ano para outro, praticamente se equiparando. O índice de renda deles caiu de 0,818 para 0,814 e os das mulheres subiu de 0,658 para 0,660, permanecendo a disparidade de gênero.
Entre os dados totais, o de Educação foi o que apresentou o maior destaque positivo. De 2012 a 2017, o IDHM Educação subiu de 0,686 para 0,742. A variação para cima foi puxada por um aumento na frequência escolar de crianças e adolescentes. O dado não foi melhor porque o porcentual da população adulta permaneceu praticamente o mesmo, variando de 64,41% para 64,31%.
Apesar do leve aumento no subíndice de Educação, o relatório observa que, "em alguns Estados, nota-se uma diminuição de alguns indicadores de Educação, como a escolaridade de adultos e a frequência de adolescentes no ensino fundamental. Além disso, ainda é notável a persistência da lacuna existente entre os resultados para brancos e negros". Por um lado, 70,29% da população branca com mais de 18 anos tinha ensino fundamental completo em 2017. O porcentual cai 58,24% considerando apenas a população negra nessa faixa etária.
No quesito Longevidade, houve uma leve alta no IDHM do Brasil entre 2016 e 2017, de 0,845 para 0,850. No período, a esperança de vida ao nascer passou de 75,72 anos para 75,99 anos. Desde 2012, o indicador vem crescendo, porém, lentamente: era de 0,825 naquele ano, quando a população brasileira tinha uma expectativa de viver 74,52 anos. A mortalidade infantil, por sua vez, passou de 15,69 óbitos por 1 mil nascidos vivos em 2012 para 12,81 em 2017.
No último ano da pesquisa, mulheres tinham uma esperança de vida maior do que homens: 79,56 contra 72,46 anos. Brancos apresentavam expectativa de 76,62 anos, enquanto os negros, 73,69 anos. Entre os Estados da Federação, o Distrito Federal ficou com o maior índice da dimensão Longevidade, com esperança de vida de 78,37 anos em 2017. O menor resultado foi para o Maranhão, que registrou uma expectativa de vida de 70,85 anos ao nascer.