Priscila Cruz, presidente do movimento Todos pela Educação, durante o Exame Fórum (Germano Lüders/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 12h55.
Última atualização em 3 de setembro de 2018 às 15h28.
São Paulo -- "Nossa educação é um doente grave que estamos tratando com chá de camomila”.
O diagnóstico foi dado por Priscila Cruz, fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação, durante palestra nesta segunda-feira (03) durante o EXAME Fórum em São Paulo.
Ela vem divulgando um documento suprapartidário com ideias para o setor; a meta é ultrapassar em 2030 os resultados do Chile, destaque na região.
Há uma agenda para os 100 primeiros dias de governo e 7 medidas prioritárias para o período entre 2019 e 2022, com soluções sistêmicas que se reforçam.
“Não tem como resolver problemas complexos com soluções simplistas. Não tem bala de prata”, diz Priscila.
Em debate com André Lahóz Mendonça de Barros, diretor de redação de EXAME, ela avaliou que o Brasil teve sucesso universalizando o ensino básico em poucas décadas, mas segue com o gargalo da qualidade.
Ela apontou que a visão ideológica na educação não é privilégio de sindicatos e universidades, já que também aparece na glorificação de ideias como charter schools e ensino à distância no meio empresarial.
O documento do Todos inclui o cálculos dos recursos necessários para atingir as metas, mas Priscila deixa claro que o problema brasileiro não é de falta de dinheiro: "A gente quase triplicou investimento por aluno no ensino médio e a qualidade caiu”, diz ela.
Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica divulgados hoje reforçam o quadro de estagnação na qualidade.
“Por que não surte resultado? Porque não estamos conseguindo fazer a alocação correta e implementação, que é o nome do jogo”, diz Priscila.
Veja quais são as 7 medidas prioritárias do programa:
1. Resignificação da carreira e formação dos professores
2. Implementação da Base Nacional Curricular
3. Política nacional intersetorial para a primeira infância
4. Política nacional de alfabetização
5. Nova proposta de escola para o ensino médio
6. Governança federativa: Sistema Nacional de Educação
7. Financiamento do novo Fundeb e indução via distribuição tributária
Para contribuir na resolução da questão, a sociedade civil e influenciadores devem pressionar para que educação seja parte das reformas, cobrar equipe de excelência no Ministério da Educação, e “colocar a educação como primeira bandeira de muitos, e a segunda bandeira de todos os demais”.
Veja a entrevista com Priscila Cruz no EXAME Fórum 2018: