O ex-presidente da Câmara dos Deputados divulgou a candidatura da filha, Danielle Cunha, a deputada federal. (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 13h51.
Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 13h53.
São Paulo - Preso desde outubro de 2016, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha divulgou uma carta em sua página oficial no Facebook para comentar o cenário eleitoral argumentar e contra sua própria prisão. Na mensagem, ele defende que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato, tenha o direito de concorrer à Presidência.
Cunha ainda destaca que a eleição de 2018 será a primeira em 20 anos que ele não disputará, e divulga a candidatura da filha, Danielle Cunha, a deputada federal.
O ex-deputado se posiciona como adversário dos governos do PT e "o principal responsável por sua queda", mas diz que Lula deveria ser derrotado nas urnas. "O petista não deve ser eleito pelo custo que impôs ao povo com sua desastrada escolha, mas jamais impedido de disputar", escreve.
Ele ainda se compara ao ex-presidente ao dizer que seria um "troféu político".
Cunha critica as atuais regras eleitorais, que devem eleger parlamentares "no pior dos modelos políticos", e afirma que o Congresso está "totalmente desvinculado de suas propostas e compromissos".
Ele defende a adoção do parlamentarismo no País, citando os modelos francês e português, com partidos obrigados a aderir à um programa de governo. "Para o futuro, o país não terá outra alternativa, que não seja a de adotar o parlamentarismo", escreve.
Cunha ainda faz um alerta sobre a continuidade da crise política no País. "O eleitor precisa estar atento que alguns dos candidatos a presidente, se eleito forem, correm o risco de não durarem um ano de governo."
O ex-presidente da Câmara foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz federal Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato. A investigação envolvia contas na Suíça abastecidas por propinas na Petrobras.
Ele foi preso cerca de um mês após ter seu mandato cassado pela Câmara por quebra do decoro parlamentar. O deputado foi acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar, durante depoimento em março de 2015, ser titular de contas no exterior.