crédito (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 19h15.
O ritmo do crédito para empresas no Brasil deve ser ainda mais forte em 2011 e vai superar o desempenho da oferta para o consumo. A previsão é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que espera crescimento de 17,6% para as pessoas jurídicas, contra 16,7% a pessoas físicas. O Banco do Brasil, uma das maiores instituições na oferta de recursos, já confirmou essa tendência. Apesar do anúncio da redução na previsão de crescimento para o crédito de pessoa física em 2011 - de 25% para 22% -, a instituição manteve a estimativa para a expansão do crédito total – de 17% a 20%.
“O aumento esperado para o crédito a pessoa jurídica reflete, entre outras razões, a expectativa de maior demanda das empresas para os financiamentos dos projetos de infraestrutura, visando os eventos esperados para os próximos anos, como Copa, Olimpíadas e Pré Sal”, prevê o economista-sênior da Febraban, Jayme Alves.
A tendência de maior oferta para o crédito voltado a empresas começou já no ano passado e tenta reverter parte do baixo crescimento de 2009, por conta da crise. De acordo com dados do Banco Central, o financiamento bancário a empresas com recursos livres – ou seja, excluindo BNDES, crédito rural e financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal – evoluiu apenas 1,6% em 2009. O ano de 2010, no entanto, foi de recuperação, e o crescimento bateu em 14% no acumulado do ano, até novembro - contra 16,8% para pessoa física. A expectativa da Febraban é que a alta se consolide em 2011.
Para a pessoa física, porém, o ritmo da oferta de crédito deve ser bem próximo do alcançado no ano passado. As últimas medidas do governo, como alta de juros e aumento do compulsório, devem confirmar a tendência de menor demanda por crédito para pessoa física.
Insuficiência
Nos últimos anos, os volumes totais de operações de crédito para pessoas jurídica e física com recursos livres estiveram em patamares muito próximos. Na visão do professor de economia da USP, Alberto Matias, especialista em mercado bancário, tal situação é uma anomalia nacional, já que empresas demandam muito mais recursos que consumidores. O fenômeno se explica, segundo ele, pelo baixo incentivo que os bancos privados têm para atuar no mercado de financiamento a empresas.
“O spread (diferença entre a taxa de juros que as instituições financeiras pagam na captação do dinheiro e a que cobram dos clientes) para operações com pessoas físicas é muito maior. Além disso, quando a Selic sobe, os bancos preferem direcionar recursos para comprar títulos públicos (remunerados pela taxa básica de juros), que oferecem uma boa rentabilidade e não têm risco de inadimplência”, explica.
Matias avalia que o ritmo maior de expansão do crédito a empresas é natural. No entanto, mesmo que aumente o que está previsto, ainda é insuficiente para suprir as necessidades do país. Em sua opinião, deveria haver uma maior intervenção do governo federal nesse sentido, como a delimitação, pelo Banco Central, de um limite mínimo de volume de operações para bancos privados.
Consumidor
A menor oferta de crédito para pessoa física tende a mexer com o bolso do consumidor. A Febraban avalia que os financiamentos, que devem ficar mais longos e com entradas menores, ficarão mais caros, sobretudo os de automóveis. A recomendação é que o consumidor avalie quais formas de pagamentos se adaptam melhor ao seu bolso. O professor da USP, porém, não espera mudanças significativas em relação a prazos e juros. “O que tinha que ser apertado, já foi”, justifica.