(REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)
Luiza Calegari
Publicado em 27 de maio de 2017 às 06h30.
Última atualização em 27 de maio de 2017 às 06h30.
São Paulo – Em um momento em que mesmo aliados já dão como certa a saída de Michel Temer da presidência, o futuro do mais alto cargo do Executivo nacional parece estar nas mãos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga a chapa Dilma-Temer na próxima terça-feira (6).
Apesar das apostas altas em uma cassação, a instabilidade do cenário político não permite descartar de todo a hipótese de Michel Temer continuar na presidência, pelo menos por mais alguns meses.
Esse, no entanto, seria o pior horizonte na avaliação das consultorias. Para a Eurasia, por exemplo, que vê apenas 30% de chance de Temer permanecer, a queda do presidente deveria ser rápida devido à percepção de que sua permanência seria pior para a agenda econômica e legislativa.
Para a Capital Economics, o país vai se sustentar, no curto prazo, enquanto os fundamentos financeiros se mantiverem. Mas os analistas afirmam que a última coisa de que o Brasil precisa é de um período prolongado de incertezas.
A consultoria pondera, no entanto, que uma solução rápida é muito pouco provável, já que o presidente se recusa a renunciar em uma clara "fratura" entre o poderes Executivo e Judiciário.
Apesar da improbabilidade, os analistas não descartam a a hipótese de Temer jogar com a demora nas decisões para se manter no cargo até 2018.
A Capital Economics montou um "Indicador de Condições Financeiras" que monitora variáveis como juros de mercado, títulos públicos, preços de ações e câmbio. Apesar de ele ter piorado na última semana, ainda está longe dos níveis da crise política que levou ao impeachment de Dilma Rousseff.
Um ponto importante da semana que vem será a decisão do Banco Central sobre as taxas de juros do país, segundo os analistas, sobre a qual o mercado já vem especulando há alguns dias. Há a possibilidade de o ritmo do corte de juros se desacelerar, ou mesmo de não haver qualquer alteração.
Em resumo, para a Capital Economics, se o país conseguir evitar um colapso desses indicadores financeiros, os efeitos da crise política podem não ser tão dramáticos.
Ricardo Ribeiro, da MCM Consultoria, acrescenta que, se Temer continuar no cargo, isso provavelmente vai significar que ele terá conseguido reestabelecer o mínimo suporte político para o seu mandato.
No entanto, para ele, nada disso garante que ele terá força suficiente para tranquilizar os mercados em relação às reformas econômicas e à resolução da crise política.
A credibilidade e a capacidade de tirar o país da crise, o presidente já perdeu, segundo a avaliação de Ribeiro. "Ele já não tem condições de levar adiante as reformas, vai simplesmente guardar a cadeira para o próximo presidente eleito", resume o analista.