Lula: "Não foi isso que o Senado decidiu, não foi o impeachment, eles não podem dar de barato que já venceram" (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2016 às 18h17.
São Paulo - Em reunião com dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na manhã desta sexta-feira, 20, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, não poderia tomar medidas que alteram os rumos da administração antes de o Senado votar definitivamente o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Segundo Lula, o momento atual "é como se a Dilma estivesse viajando" e o governo precisa dos votos de apenas seis senadores para reverter o impeachment.
"O maior golpe que este governo deu foi contra o Senado. Não foi isso que o Senado decidiu, não foi o impeachment, eles não podem dar de barato que já venceram. Porque é como se a Dilma estivesse viajando, ela está afastada, mas é a presidenta. Bastam seis senadores para que o impeachment não passe. E se a Dilma volta daqui um mês, vai ter de desfazer tudo que eles fizeram?", questionou Lula.
Autocrítica
No encontro com sindicalistas, Lula fez uma autocrítica ao PT. Segundo ele, o partido se preocupou demais com os resultados eleitorais e acabou se descuidando do debate político com a sociedade.
"Quando a gente só pensa no resultado, e não na política, você não faz muita diferença entre os candidatos, os governos. A extrema esquerda e a extrema direita podem levantar um monte de viadutos, do mesmo jeito. O que faz diferença são as relações que você estabelece com a sociedade organizada do País", afirmou.
A exemplo de Dilma, que ao longo da semana concedeu entrevistas a pelo menos três jornalistas estrangeiros, o ex-presidente tem priorizado contatos com a imprensa internacional. Nesta sexta-feira Lula falou com jornalistas dos canais Russia Today, TVE (Espanha) e Telesur (Venezuela).