João Doria: porta-voz da oposição à greve (Nacho Doce/Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 28 de abril de 2017 às 16h00.
Última atualização em 2 de maio de 2017 às 15h22.
São Paulo – Nesta semana, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fez de tudo para se posicionar contra a greve geral convocada por centrais sindicais em todo país.
Prometeu cortar ponto de quem não aparecesse para trabalhar nesta sexta, ofereceu corrida de graça para servidores municipais (mas depois voltou atrás) e até chamou grevistas de “vagabundos”.
Tanto esforço parece ter surtido efeito. Nesta sexta-feira de greves pelo Brasil, o prefeito paulistano se consolida como a principal voz em oposição aos atos organizados pelas centrais sindicais, segundo análise da consultoria Bites.
Até o final da manhã desta quarta-feira, ele já contabilizava mais de 3 mil citações em posts no Twitter relacionados com a greve geral – o número é 10 vezes maior do que o do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Um vídeo postado pelo prefeito paulistano no final da tarde da última quarta-feira soma mais de 3 milhões de visualizações e 90 mil compartilhamentos – um feito até para os padrões de Doria.
Para se ter uma ideia, até o último dia 11 de abril, o post mais popular de Doria nas redes sociais tinha contabilizado 6,3 milhões de visualizações um mês após a publicação.
“A natureza do poder é a ocupação de espaço”, afirma Manoel Fernandes, sócio da Bites. E, na visão do especialista, o governo federal foi “inepto” na resposta aos movimentos sociais.
Até publicação desta reportagem, o último post de Temer no Twitter era de quinta-feira. Em outros termos, enquanto os que apoiam e os que discordam da greve (João Doria na lista) povoavam as redes sociais com palavras de ordem sobre o tema, o governo federal – um dos principais interessados no assunto – optou pelo silêncio.
Mesmo assim, segundo levantamento da Bites, até às 10h30 de hoje, Temer era citado por 16 mil de um universo de 159 mil posts na rede social Twitter.
Por outro lado, nem todo político tem condições de seguir o exemplo de Doria para temas tão controversos. “Você precisa de um capital social para fazer isso”, afirma Fernandes.
Doria, apesar de muito citado nas redes sociais hoje, é alvo de um volume maior de críticas: 67% dos posts que faziam referência a ele são negativos.
Mesmo assim, segundo Fernandes, o saldo é positivo. “Esses eventos permitem que ele acumule, a cada dia, mais capital social”, diz o especialista. Se isso o fortalece para a corrida presidencial, é outra história. Mas, por hoje, ele conseguiu um feito que nem o próprio presidente da República foi capaz.