João Doria: empresário disse que cheque se refere à venda de um quadro na galeria Pro Arte (Rafael Cusato)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2016 às 12h13.
São Paulo - O empresário João Doria, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, recebeu um cheque de R$ 20 mil em dezembro de 2013 de uma empresa investigada pela Operação Lava Jato.
O nome do tucano aparece uma vez em um extrato bancário da Link Projetos e Participações Ltda., sob suspeita do Ministério Público Federal de ser usada pela empreiteira Engevix para pagar propina ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear preso em 2015 pela força-tarefa.
Doria afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o cheque refere-se à venda de um quadro, ocorrida naquele ano, na galeria Pro Arte, no Jardim América, em São Paulo.
A galeria confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo as informações apresentadas pelo candidato sem que a reportagem tivesse citado o nome de João Doria ao procurá-la por telefone.
Um representante da Pro Arte informou que o tucano havia colocado um quadro do pintor carioca Orlando Teruz (1902-1984), vendido em dezembro de 2013, por R$ 35 mil.
Em sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral no início deste mês, o empresário declara um patrimônio de R$ 179,7 milhões o maior entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo sendo R$ 34 milhões em obras de arte.
A informação sobre o cheque de R$ 20 mil da Link Projetos a João Doria aparece na quebra de sigilo bancário da empresa decretada pela Justiça a pedido do Ministério Público Federal no período de 2007 a 2015.
Os dados mostram que o cheque de R$ 20 mil foi compensado no dia 5 de dezembro de 2013 em nome de João Agripino da Costa Doria Júnior em uma conta no Citibank.
Segundo a Pro Arte, o comprador do quadro, cujo nome não foi informado, usou o cheque da Link para fazer parte do pagamento da obra de arte, e o documento foi repassado ao candidato.
Ao todo, o empresário teria recebido R$ 28 mil pelo quadro, segundo a galeria, após o desconto da comissão.
O dono da Link, Victor Sergio Colavitti, admitiu em acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato que usou a empresa para fazer repasse de propinas da empreiteira Engevix ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva a pedido da empreiteira, a quem prestara serviços.
A Engevix recebeu da Eletronuclear, entre 2011 e 2013, pelo menos R$ 136,89 milhões. Segundo Colavitti, foram feitos três contratos fictícios entre maio de 2010 e janeiro de 2013 entre a Link e a construtora no valor total de R$ 1 milhão.
Os repasses, de acordo com Colavitti, foram feitos através de um outro contrato, de maio de 2010, entre a Link Projetos e a Aratec Engenharia, empresa do ex-presidente da Eletronuclear que executaria supostos serviços de revisão de projetos de engenharia nas áreas de mecânica e tubulação para a Link.
Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, João Doria disse, por meio de sua assessoria, não ter nenhuma relação com Victor Sergio Colavitti.
O tucano disse que não recebeu nenhuma outra quantia de Colavitti ou da Link Projetos. O empresário não é investigado pela Lava Jato.