Brasil

Doria: protestos pró-Bolsonaro e pró-democracia serão em dias distintos

Governador disse que a "polícia não é a favor de um lado e nem de outro" e que "todos tem o direito de se manifestar, mas ninguém tem o direito de agredir"

Torcedores fazem ato a favor da democracia e contra Bolsonaro, neste domingo, (31) na Av. Paulista, SP (TABA BENEDICTO/Estadão Conteúdo)

Torcedores fazem ato a favor da democracia e contra Bolsonaro, neste domingo, (31) na Av. Paulista, SP (TABA BENEDICTO/Estadão Conteúdo)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de junho de 2020 às 13h30.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 15h55.

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta segunda-feira (01) um acordo com a prefeitura da capital para que não haja manifestações de lados opostos no mesmo dia, após um domingo de embates na Avenida Paulista e uso de bombas de efeito moral pela Polícia Militar.

A decisão é "orientar os grupos pró-governo Bolsonaro e pró-democracia para que usem dias distintos", disse em coletiva de imprensa. Posteriormente, ele se referiu aos grupos como pró e anti-governo. Doria negou que a polícia tenha agido de forma desigual com os dois grupos.

O governador afirmou que a "polícia não é a favor de um lado nem de outro" e que "todos tem direito a se manifestar mas ninguém tem o direito de agredir".

"O governo do estado de São Paulo volta a repetir que não cerceará nenhum direito a manifestação seja de quem for ou de qual lado que estiver fazendo seu protesto", completou.

O discurso foi ecoado pela equipe de segurança pública, que defendeu que a polícia atuou para evitar uma escalada: "A polícia impediu que um grupo caminhasse em direção ao outro grupo" disse João Camilo Pires de Campos, secretário-executivo da PM.

"A PM atuou para que dois grupos antagônicos pudessem se manifestar e estivessem preservados. A PM evitou um conflito que poderia ter consequencias indesejáveis", disse o secretário de segurança pública, general Campos.

Eles foram questionados sobre um dos vídeos que viralizaram nas redes sociais, mostrando um policial escoltando de forma cuidadosa uma mulher do grupo pró-Bolsonaro portando um taco de beisebol.

"A atitude do policial merece um elogio. Ele fez exatamente aquilo que se prevê no emprego progressivo da força. Ele a retirou de uma discussão somente com diálogo (...) Mas o taco deveria ter sido retirado. Qualquer instrumento que possa causar dano às pessoas deve ser retirado", disse Campos.

Democracia

O governador também foi questionado sobre a presença de bandeiras e símbolos ligados aos movimentos neonazistas e fascistas no grupo pró-governo.

Ele lembrou que manifestações que estabeleçam discriminação racial são proibidas pela Constituição, e que se houver algum tipo de sugestão de ataques à comunidade judaica, por exemplo, serão coibidas pela polícia.

Doria também disse que os embates na rua neste momento podem fortalecer o discurso autoritário e pediu união.

"Tudo que não precisamos nesse momento é de confronto. O confronto não fortalece a democracia, ao contrário: a enfraquece, e justifica o discurso autoritário daqueles que pretendem retomar a ditadura"

Ele também afirmou que o país vive a "maior agressão a democracia desde a ditadura em 1964", e criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro de insuflar atos com mensagens antidemocráticas, dividir o país e agravar as crises de saúde e econômica.

"Qual é o sentido de um presidente da República desfilar a cavalo em meio a 30 mil mortos pelo coronavírus? (...) O presidente passeia a cavalo enquanto a pandemia galopa. Bolsonaro passeia a cavalo e a crise econômica segue sem rédeas", disse Doria.

Acompanhe tudo sobre:Estado de São PauloJoão Doria JúniorPolícia MilitarProtestos no Brasilsao-paulo

Mais de Brasil

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados

Enem 2024: prazo para pedir reaplicação de provas termina hoje

Qual é a multa por excesso de velocidade?