Ideia de João Doria é que Rodrigo Garcia assuma o Palácio dos Bandeirantes por pelo menos 8 meses e dispute a reeleição com apoio do PSDB (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de abril de 2019 às 14h01.
São Paulo — O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a fazer movimentos mais incisivos na busca por uma aliança com o DEM, que passa por um acordo entre os dois partidos no Estado para as eleições de 2020 e 2022 - e que pode culminar na fusão das duas legendas. O assunto vem sendo tratado com reserva, mas o tucano tem feito alguns gestos explícitos.
No entorno do governador, a expectativa é que o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), assuma o Palácio dos Bandeirantes por pelo menos 8 meses e dispute a reeleição com apoio do PSDB. Em contrapartida, Doria entraria em cena na disputa nacional de 2022 com a retaguarda do DEM e do PSD, partido do ex-ministro Gilberto Kassab. O gesto mais efetivo dessa articulação será dado amanhã, na convenção estadual do DEM que elegerá Garcia presidente do diretório paulista.
Doria confirmou presença e vai subir no palco com Garcia em um evento formatado para exaltar a união entre as duas legendas, que ficou abalada após a derrota do ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República no ano passado.
Além de dar carta branca a Garcia para atuar como homem forte da articulação política e uma espécie de embaixador do governo, Doria também se aproximou do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM. Em maio, Neto deverá se reeleger na presidência do partido, com Garcia de vice.
Doria e Maia têm se falado e se encontrado com frequência. Um dos momentos mais emblemáticos foi no último dia 23 de março, quando o deputado viajou a São Paulo só para almoçar com o governador e seu vice na casa do tucano, nos Jardins. Em seguida, Doria afirmou que apoia "incondicionalmente" a conduta e a liderança de Maia no processo de aprovação da reforma da Previdência.
"Apoiamos e confiamos plenamente a conduta, trabalho e relevância do deputado Rodrigo Maia como presidente da Câmara Federal e como líder para a aprovação da Reforma da Previdência", afirmou na ocasião.
Já Garcia é cuidadoso ao tratar do assunto, mas admitiu ao Estado que o PSDB será o "parceiro" preferencial do DEM nas eleições municipais. "O DEM tem uma parceria histórica com o PSDB, que continua em um novo momento no Brasil e em São Paulo", disse.
Segundo o vice-governador, os dois partidos estão passando por mudanças de comando, inclusive geracional. Futuro presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo, Marco Vinholli segue na mesma linha e diz que o DEM "está muito próximo" do PSDB.
Outro gesto que chamou atenção no campo eleitoral foi a decisão do empresário Juan Quirós, ex-secretário de Negócios de Doria na prefeitura, e amigo do tucano há mais de 20 anos, de se filiar ao DEM para disputar a prefeitura de Campinas no an que vem. O movimento tem o aval do governador e aproxima ainda mais os tucanos do DEM.
O ponto máximo da aproximação pode ser a fusão entre DEM e PSDB. O assunto vem sendo tratado nos bastidores, mas ainda sofre resistência interna nos dois partidos.
A ideia surgiu entre os tucanos após o PSDB sofrer sua pior derrota eleitoral nas eleições do ano passado. Doria disse a interlocutores que a proposta é antes fortalecer o partido, para depois partir para o processo de fusão com outra sigla.
Secretário geral do PSDB, o deputado federal Marcos Pestana (MG), levou essa sugestão à direção executiva da sigla. Antes da fusão, no entanto, o PSDB deve mudar de nome, reformular seu estatuto e promover uma "faxina ética". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.