(EXAME Hoje/Divulgação)
Talita Abrantes
Publicado em 19 de abril de 2017 às 11h46.
Última atualização em 19 de abril de 2017 às 17h29.
São Paulo – Se as eleições fossem hoje, o prefeito de São Paulo, João Doria, seria o único nome dentro do PSDB com reais chances de digladiar com os principais pré-candidatos à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC).
É o que mostra pesquisa do DataPoder360 realizada nos dias 16 e 17 de abril, menos de uma semana depois da divulgação da lista do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.
Segundo a sondagem, Doria aparece com 13% das intenções de voto contra 8% do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e 7% do senador Aécio Neves.
Desses três tucanos, Doria é o único que não aparece na lista de citados pelos executivos da construtora Odebrecht em acordo de delação premiada– fato que teria fortalecido seu nome dentro do partido para a corrida presidencial.
Empate técnico com Bolsonaro
Lula lidera os três cenários analisados pela pesquisa. Mas é o desempenho de Jair Bolsonaro que espanta. Com Aécio e Alckmin no páreo, ele pontua respectivamente 19% e 18%.
Mas fica com 14% das intenções de voto quando Doria entra na disputa. O prefeito de São Paulo, por sua vez, tem 13% das declarações de voto – o que o deixa em empate técnico com o deputado do PSC.
Ao mesmo tempo, Doria rouba espaço da candidata da Rede, Marina Silva, que fica com 11% das intenções de voto quando comparada com os outros tucanos, mas com 9% diante do desempenho do prefeito de São Paulo.
A pesquisa revela que, entre todos os possíveis candidatos, Doria é o menos conhecido do eleitorado: 53% dos entrevistados não o conhecem e entre aqueles que sabem quem é ele, há empate entre as avaliações positivas e negativas.
Aécio, por sua vez, lidera em avaliação negativa (66%) seguido de Lula, com 59%.
No total, foram ouvidos 2.058 brasileiros de 2017 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
Doria 2018?
Na semana passada, o prefeito de São Paulo completou cem dias no comando da maior cidade do país com uma aprovação recorde entre os paulistanos e um desempenho de dar inveja a qualquer marca ou político nas redes sociais.
Diante de dados tão contundentes, a questão que resta é: Doria, que não tinha assumido o cargo eletivo até o início de 2017, tem mesmo fôlego para encarar a disputa ao Palácio do Planalto já no próximo ano?
Nas últimas semanas, EXAME.com conversou com uma série de analistas políticos para tentar responder a essa questão. Todos concordaram que o prefeito de São Paulo merece aplausos por sua exímia estratégia de marketing político, que cativou uma multidão de seguidores nos últimos três meses.
Mas uma disputa presidencial exige mais do que isso. “O eleitorado brasileiro não é o paulistano”, lembra Roberto Romano, professor emérito da Unicamp em artigo para EXAME.com.
“O fato é que Doria propagandeia muito, nacionaliza atitudes, se mostra apressado em um universo público lento e, a despeito de colher simpatias, pode colecionar ansiedade e fracassos, sobretudo em termos do ritmo que deseja impor”, escreveu o cientista político Humberto Dantas para EXAME.com.
Falta um ano e meio para as eleições de 2018. Doria insiste, por ora, que não tem intenções para entrar na corrida presidencial.