João Doria: "todos os policiais que vão atuar no Baep passarão por treinamento no Comando de Policiamento de Choque, com o padrão Rota de treinamento" (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 11h34.
São Paulo - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), assinou nesta sexta-feira, 8, decreto para criação de quatro novos Batalhões de Ações Especiais de Polícia (Baeps), tropas com "padrão Rota" de policiamento, para o Estado. Entre as áreas que vão receber o reforço de homens e mulheres da Polícia Militar, foi incluído o centro da capital paulista, embora a região já conte com a sede da própria Rota.
Na campanha eleitoral, Doria prometeu aumentar de cinco para 22 o número de Baeps em operação no Estado. Segundo o anúncio desta sexta, os quatro primeiros novos batalhões vão começar a operar no dia 12 de abril.
Além do centro, haverá novas unidades em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e São José do Rio Preto e Presidente Prudente, no interior.
Entre as atribuições, a tropa pode ser acionada para patrulhamento tático, gerenciamento de crise, negociação de reféns e localização de explosivos. Outras atribuições são patrulhamento em locais de risco e controle de multidões, como em manifestações.
"Todos os policiais que vão atuar no Baep passarão por treinamento no Comando de Policiamento de Choque, com o padrão Rota de treinamento", disse o governador. O curso de formação irá durar sete semanas, segundo Doria.
"Rota, o 1.º Batalhão de Choque, é um acrônimo, virou um substantivo, agora é um adjetivo: padrão Rota de qualidade", comentou o secretário da Segurança Pública, general João Camilo de Campos após o anúncio. "Vai reforçar as ações, dando àquele comandante a capacidade de intervenção nas atividades policiais."
Na cidade de São Paulo, já existe um Baep na zona leste. Os outros batalhões especiais herdados pela gestão atual ficam em Osasco, Campinas, São José dos Campos e Santos.
Segundo Doria, cada unidade terá até 295 PMs. "Um tenente-coronel, um major, três capitães, dez tenentes e entre 250 a 280 policiais nas patentes de sargento, cabo ou soldado", disse. Para cada unidade, também haverá 30 viaturas e um ônibus para deslocamento da tropa.
O comandante-geral da PM, o coronel Marcelo Vieira Salles, afirma que os batalhões de área não vão perder efetivo para os Baeps. Ele também negou que as novas tropas irão provocar o "desmanche" de Forças Táticas nas regiões contempladas. "As Forças Táticas continuam", afirmou.
"Estamos concluindo a Operação Verão, são 1,8 mil novos policiais militares que não foram destacados", disse Salles. "Aquelas unidades que cederem policiais mais antigos receberão esses novos policiais para compor seus quadros."
Questionado sobre critérios para escolha dos locais, o governador João Doria disse que seguiu a "necessidade real" de cada região. "Observando a necessidade real, regional. (Os Baeps) não são locais, não são da cidade: são da região", afirmou. Ele ainda citou que há previsão de criar batalhões em outros locais até o fim da gestão.
"O efetivo varia de acordo, inclusive, com a vocação da região", disse Salles. "O emprego do programa de policiamento decorre do problema identificado que nos queremos vencer, sempre voltado para a prevenção."
Especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, discordam da necessidade de uma tropa especial no centro de São Paulo. Para eles, não se trata de uma região prioritária para combate à violência e já dispõe de policiamento especial para atuar na área.
"Os Baeps foram criados na minha gestão porque o governador (Geraldo Alckmin) queria expandir para o interior uma estratégia de policia semelhante à Rota", disse o coronel da reserva Benedito Roberto Meira, que foi comandante-geral da PM entre 2012 e 2015. "Entendo que, se for para criar Baep, tem de ser na região metropolitana e no interior. Na capital não vejo necessidade."
Para Meira, a prioridade da gestão deveria ser repor os quadros da PM, antes de investir em batalhões especiais. "O efetivo fixado é de 93 mil policiais, mas hoje o efetivo existente é de 83 mil", afirmou. "A criação de Baep não resolve problema nenhum, não vai mudar nada. Vai pegar a viatura normal, que tem três cores, e pintar de cinza. Os policiais são os mesmos."
Por sua vez, o cientista político Guaracy Mingardi, especialista em segurança pública, concorda com as escolhas dos locais de Baep, exceto o do centro de São Paulo. "No centro, o maior problema é furto de celular e é longe dos locais realmente violentos", disse. "Se for para investir na capital, que fosse na zona sul."