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Doria age para evitar crise com Alckmin por 2018

Depois de instaurar "lei do silêncio", prefeito vai intensificar agendas conjuntas entre as administrações municipal e estadual

Doria e Alckmin: prefeito nacionaliza discursos regionais, mas governador demonstra confiança no apadrinhado político (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Doria e Alckmin: prefeito nacionaliza discursos regionais, mas governador demonstra confiança no apadrinhado político (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2017 às 10h01.

Preocupado com o “fogo amigo” de aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) desde que passou a ser apontado como possível candidato à Presidência da República em 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), vai agir para evitar a “contaminação” da relação com o padrinho político.

Após determinar uma “lei do silêncio” entre seus auxiliares sobre as eleições do ano que vem, o prefeito intensificará as agendas conjuntas entre as duas administrações.

Com o objetivo de demonstrar que prefeito e governador continuam próximos e afinados, secretários estaduais e municipais vão inaugurar, na segunda-feira, duas parcerias simultâneas: a retomada do projeto Córrego Limpo, de despoluição, e o programa Redenção, na região da Cracolândia, no centro de São Paulo.

O ponto alto, porém, será uma reunião no dia 10, quando a gestão Doria completa 100 dias, com a presença do prefeito, governador e todos os secretários municipais e estaduais.

Amanhã, Doria, Alckmin e o presidente Michel Temer jantarão no Palácio dos Bandeirantes com a rainha Sílvia, da Suécia.

Interlocutores do prefeito reconhecem que o hábito de Doria de nacionalizar o discurso e as especulações sobre uma aproximação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) geraram “desconforto” na relação.

Em caráter reservado, Alckmin diz confiar na lealdade de Doria, mas aliados do governador com trânsito no Palácio dos Bandeirantes já não escondem a preocupação com os movimentos do prefeito.

“Se Doria se aliar com Aécio para ser candidato à Presidência será uma traição. Sem o governador Geraldo Alckmin ele jamais teria sido eleito prefeito”, disse o deputado estadual Campos Machado, presidente estadual do PTB e secretário nacional da legenda.

Ele, que já declarou apoio do seu partido a uma eventual candidatura Alckmin, pretende marcar uma audiência com o governador para levar a preocupação com os movimentos políticos do prefeito. “Ninguém entraria na aventura de apoiar Doria sem o apoio do Geraldo Alckmin”, conclui Machado.

Secretário-geral do PSDB nacional e aliado do governador, o deputado federal Silvio Torres descarta a hipótese de os tucanos se alinharem a uma eventual candidatura Doria.

“Não existe nenhum movimento no PSDB para lançar Doria presidente. É prematuro colocar o prefeito à frente de todo o planejamento partidário.”

Para o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), que é alinhado com o governador, há um movimento para dividir o grupo deles. “Existe um jogo de fora para dentro, uma tentativa de dividir Alckmin e Doria. Quem apostar nisso vai quebrar a cara.”

Outra tese

Há ainda uma terceira tese circulando entre tucanos: o jogo entre Doria e Alckmin seria combinado, por enquanto. A ideia seria projetar Doria como uma alternativa segura em São Paulo para Alckmin sair candidato a presidente e o PSDB manter o governo do Estado.

Nesse cenário, a ideia de o PSDB apoiar o vice-governador Márcio França (PSB) ou o senador José Serra (PSDB) para o Bandeirantes em 2018 perderia força diante da popularidade do prefeito.

Alckmin disse a pelo menos dois aliados que Doria sofreria menos resistência dos eleitores se deixasse a Prefeitura para disputar a eleição estadual.

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