Redação Exame
Publicado em 5 de setembro de 2024 às 10h00.
Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 10h15.
O dono da casa de apostas online Esportes da Sorte, Darwin Filho, vai se entregar à Polícia Civil de Pernambuco nesta quinta-feira, 5, de acordo com sua defesa. Contra o empresário, há um mandado de prisão em aberto no âmbito da Operação Integration, que investiga os crimes de lavagem de dinheiro e jogo ilegal. Entre os presos está a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, suspeita de participar do esquema.
"Ele (Darwin) se apresentará no final do dia e vai prestar depoimento", afirmou o advogado Ademar Rigueira, que representa o CEO da Esportes da Sorte.
A bet fechou o patrocínio máster do Corinthians em julho deste ano e pagará R$ 309 milhões por três anos ao clube paulista. O time feminino do Palmeiras também é patrocinado pela empresa, que desembolsa R$ 18,5 milhões por temporada. Athletico, Bahia, Ceará, Náutico e Santa Cruz também são patrocinados pela empresa. A casa de apostas também estampa sua marca na camisa do Grêmio, mas não é a principal parceira comercial do clube gaúcho. A empresa também patrocinou o Big Brother Brasil 2024.
No momento em que a operação foi deflagrada, na manhã de quarta-feira, o cliente de Rigueira se encontrava fora do estado de Pernambuco. Segundo o advogado, o site de apostas está em conformidade com a legislação brasileira e informações já foram fornecidas no âmbito do inquérito. A polícia apreendeu joias e dinheiro na casa de Darwin Filho.
Já o advogado do pai do CEO da Esportes da Sorte afirma que Darwin da Silva - também investigado e com mandado de prisão em aberto - não vai se entregar e aguardará a reversão do pedido de prisão.
Em nota, a Esportes da Sorte disse que está de "portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória".
"O Esportes da Sorte ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais. A nossa casa está de portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória. Atuamos sempre com muita transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar qualquer controvérsia", disse em nota.
A operação desta quarta-feira mirou também a empresa VaideBet, fundada por José André da Rocha Neto. Em nota, a empresa se disse à disposição das autoridades e que cumpre a legislação vigente.
Deflagrada ontem, a Operação Integration mira uma organização criminosa ligada ao jogo do bicho no estado de Pernambuco, suspeita de usar uma rede de empresas e sites de apostas esportivas para lavar dinheiro ilícito. A repercussão do caso foi ampliada pela prisão preventiva da empresária e influenciadora digital Deolane Bezerra, detida junto da mãe, Solange Alves dos Santos.
Mais de R$ 2,1 bilhões em ativos financeiros foram bloqueados por determinação da Justiça, além do sequestro de carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações. A polícia, contudo, ainda não explicou como os envolvidos na investigação atuavam no esquema.
A investigação já dura pelo menos um ano e oito meses. Em dezembro de 2022, policiais civis de Pernambuco apreenderam no Recife R$ 180 mil em espécie na banca Caminho da Sorte, de Darwin Henrique da Silva, nome associado à contravenção no Nordeste. Um caderno coletado pelos agentes, no qual constavam anotações diárias de prêmios pagos, ligou o esquema ao site de apostas Esportes da Sorte, cujo CEO é o filho homônimo do suspeito.
Além da papelada que conecta o jogo do bicho com o site, a banca era decorada com a logomarca da bet, também presente na camisa de um dos funcionários. Lá era possível ainda fazer apostas físicas na casa de apostas.
Assim como outras bets, a Esportes da Sorte está registrada fora do país, em Curaçao, um paraíso fiscal no Caribe a mais de quatro mil quilômetros da capital pernambucana, onde seus donos e executivos moram. A investigação identificou nisso uma tática para "burlar" a legislação brasileira.
Em outra frente, um relatório encomendado ao Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) analisou as contas da família de Darwin da Silva e de suas empresas e apontou "indícios de práticas reiteradas do crime de lavagem de dinheiro", segundo o processo de mil páginas, publicado pelo portal Poder 360.
No total, a Justiça de Pernambuco expediu 19 mandados de prisão na Operação Integration e 24 ordens de busca e apreensão foram cumpridas em ao menos cinco estados: Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Paraná e Goiás. Segundo o delegado Renato Rocha, responsável pelas investigações, foram apreendidos dezenas de imóveis, embarcações, aeronaves, entre outros veículos, além de dinheiro vivo e joias. Com um só alvo foram recolhidos 11 relógios da marca Rolex, destacou o policial.
Com informações da Agência o Globo.