Manifestantes e polícia entraram em confronto em frente ao Palácio Guanabara nesta segunda-feira, durante a cerimônia de boas vindas do papa Francisco (Fernando Frazão/ABr)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 19h27.
Rio de Janeiro - Os protestos e conflitos entre manifestantes e policiais que marcaram o primeiro dia de visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro receberam críticas do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que vê oportunismo em alguns desses movimentos.
Sem citar grupos ou lideranças, o cardeal afirmou que parte dos manifestantes vem usando a projeção da Jornada Mundial da Juventude para autopromoção de suas causas e demandas.
"Acho que o foco deveria ficar muito mais na JMJ do que em acontecimentos periféricos. Quem sabe também aproveitam esse momento de visibilidade para se apresentar e tirar algum proveito também", disse dom Odilo a jornalistas nesta terça-feira.
Na segunda-feira, manifestantes gritando palavras de ordem contra o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e grupos de defesa dos direitos dos homossexuais se reuniram nas proximidades do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, onde o papa foi recebido por autoridades. Depois de um início pacífico, o protesto acabou em confronto entre a polícia e manifestantes.
Apesar de parte do protesto ter sido direcionado à posição da Igreja Católica em relação à união gay, o cardeal avaliou que as manifestações tinham como foco principal políticos e autoridades que se encontraram com o papa no Palácio Guanabara.
"Estavam voltadas contra realidades políticas muito próprias do Rio de Janeiro", disse. "Não vejo que isso esteja voltado contra o papa ou contra a Jornada Mundial da Juventude", acrescentou.
Menos Fiéis a JMJ
tem a marca de aproximar a Igreja Católica dos jovens. O papa vem fazendo várias menções aos jovens em seus discursos e usando ferramentas sociais da Internet para falar para esse público.
Dom Odilo reconheceu que a Igreja precisa se reapresentar para os jovens de todo mundo e que o catolicismo vive uma "crise de compreensão dos seus valores", mas avaliou que a perda de fiéis acontece em todas as religiões e é um fenômeno que precisa ser estudado com carinho.
"Não só a Igreja Católica que perde fiéis. As evangélicas tradicionais também... há uma crise de compreensão dos valores da Igreja. Os que mais crescem são os sem religião", disse o arcebispo.