Sérgio Cabral: Claret e Barbosa foram apontados como doleiros do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado pelo ex-governador (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 16h31.
Última atualização em 28 de dezembro de 2017 às 17h53.
Rio de Janeiro - Dois doleiros que operavam contas ligadas ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) no Uruguai foram extraditados nesta quinta-feira, 28, para o Brasil. Vinícius Claret, conhecido com "Juca Bala", e Cláudio Souza, ou "Tony" ou "Peter", foram presos em 3 de março no Uruguai e, logo em seguida, denunciados pelo Ministério Público Federal no Rio por evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Eles já estão na Cadeia de Benfica, zona Norte do Rio.
A extradição dos doleiros é a primeira no âmbito das investigações da Operação Lava Jato e foi intermediada pela Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República.
"A prisão e extradição dos operadores financeiros mostra como as normas anticorrupção e as cooperações internacionais entre Estados estão se fortalecendo na América Latina", afirma o procurador da República Eduardo El Hage, coordenador da força tarefa da Lava Jato no Rio.
"Juca Bala" e "Tony" são apontados como operadores financeiros da organização criminosa supostamente chefiada por Sérgio Cabral.
De acordo com a denúncia da Lava Jato no Rio, em março deste ano, entre 2003 e 2015, Claret e Souza promoveram a saída de ao menos US$ 85.383.233,61 em recursos da organização criminosa para contas nos Estados Unidos, Bahamas, Suíça, Luxemburgo, Holanda e Mônaco.
Conforme revelado na Operação Eficiência, o ex-governador "se valeu dos doleiros Renato e Marcelo Chebar para enviar o dinheiro da propina que recebeu no Brasil para contas bancárias no exterior, por meio de operações dólar-cabo, e manter os valores lá depositados sem a devida declaração à repartição federal competente".
"No entanto, a partir de 2007 o volume de propina recebida começou a ficar tão grande que os referidos doleiros não conseguiram mais encontrar pessoas no Brasil para fazer as operações fragmentadas de dólar cabo (entrega de reais no Brasil para que fossem creditados recursos no exterior)", afirma o Ministério Público Federal.
"Dessa forma, os irmãos Chebar passam a contratar os serviços de outros dois doleiros Vinícius Claret ("Juca") e Claudio Souza ("Tony/Peter"), que possuíam maior porte e estrutura para as operações", destaca a denúncia.
As investigações também revelaram que Claret e Souza "tinham contato estreito com a Odebrecht, o que lhes facilitava receber para o grupo criminoso as propinas provenientes da empresa".
Claret e Souza ficarão custodiados Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, já que há medida cautelar no Brasil de prisão preventiva.