Cédula de 100 dólares: Alberto Youssef responde por evasão de divisas no valor de US$ 78,2 milhões (Adek Berry/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2014 às 09h10.
São Paulo - A Justiça Federal no Paraná abriu nesta quinta-feira, 24, novo processo criminal contra o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, desta vez por operação irregular de instituição financeira e evasão de divisas no valor de US$ 78,2 milhões mediante 1114 contratos de câmbio fraudulentos envolvendo duas empresas offshore.
Para executar a fuga de capitais, segundo a Procuradoria da República, Youssef celebrou, por meio de operadores, contratos de câmbio para pagamento de importações fictícias.
É a quinta ação penal contra o doleiro no âmbito da Lava Jato, deflagrada em 17 de março - outros dois processos, oriundos do caso Banestado, foram reabertos nas últimas semanas porque ele quebrou acordo de delação premiada firmado naquela investigação.
Os alvos principais da Lava Jato são o doleiro e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Os dois estão presos em caráter preventivo.
A Polícia Federal sustenta que Youssef e Costa foram mentores de organização criminosa que se infiltrou em órgãos públicos e na estatal petrolífera para desviar recursos de licitações milionárias.
As obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, estão sob investigação.
Contra Paulo Costa já foram abertas duas ações, uma das quais tem Youssef como corréu em crimes de "lavagem de produto de desvios de recursos públicos da Petrobrás".
Uma das ações já instaurada contra o doleiro imputa a ele lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão por meio do investimento desse dinheiro em empreendimento industrial.
A nova ação contra Youssef envolve outros 7 investigados, entre eles a doleira Nelma Kodama e João Procópio de Almeida Prado - apontado pela PF como laranja do doleiro.
O grupo teria realizado a evasão de quase US$ 80 milhões no período entre junho de 2011 a março de 2014 por meio das offshores DGX Imp. and Exp. Limited e RFY Imp. Exp. Ltd.
Segundo a denúncia, Procópio e outros dois acusados trabalhavam na GFD Investimentos, empresa de Youssef.
Procópio teria mesa no escritório da GFD e é apontado como o operador das contas do doleiro no exterior - pelo menos US$ 5 milhões em contas atribuídas a Procópio já estão bloqueados na Suíça.
Outro denunciado, Rafael Angulo Lopez, trabalhava na GFD e seria o responsável pela parte financeira de Youssef, "realizando as atividades de saque, entrega, recebimento de valores e transporte de dinheiro em espécie, reais e dólares".
Quando a Lava Jato foi deflagrada, a PF apreendeu em um cofre na sala de Lopez R$ 1,39 milhão e US$ 20 mil, além de uma maleta com cerca de R$ 500 mil.
A Justiça não decretou a prisão de Lopez, mas impôs medidas cautelares - obrigação de entregar seu passaporte no prazo de cinco dias, proibição deixar o país, comparecimento a todos os atos processuais, inclusive mediante intimação por telefone e proibição de contatos com Youssef e outros componentes do grupo.
A Procuradoria requereu nova ordem de prisão contra Youssef, mas o juiz Sérgio Moro avaliou que "já há várias prisões preventivas pendentes e que foram decretadas em outros autos e a imputação ora recebida, de manutenção de depósitos não declarados no exterior, não a justificaria, por si só".
Procópio, Lopez e Costa negam os crimes a eles atribuídos. O advogado Luiz Gustavo Flores, que integra a equipe de defesa de Youssef, não retornou contato da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.