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Doleira presa ganha fama por socorrer e salvar policial

Nelma Kodama, presa na operação Lava Jato, ganhou fama ao socorrer um carcereiro que sofreu um ataque cardíaco na Superintendência da Polícia Federal no Paraná


	Cadeia: Nelma Kodama foi presa por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro
 (Shad Gross/stock.XCHNG)

Cadeia: Nelma Kodama foi presa por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro (Shad Gross/stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2014 às 09h13.

Brasília - Presa por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas investigado na Operação Lava Jato, a doleira Nelma Kodama ganhou fama e a simpatia de policiais federais por um ato heroico atrás das grades: salvar a vida de um carcereiro que sofreu um ataque cardíaco em plena Superintendência da Polícia Federal no Paraná.

Ao ver um agente da PF desmaiar na sua frente, Nelma fez massagem torácica e respiração boca a boca.

Em seguida, destrancou um médico preso na mesma carceragem para auxiliar a vítima. O relato foi feito à reportagem por três fontes da PF, que se dizem surpresas com a eficiência na assistência ao homem enfartado.

Em seguida, chegaram outros policiais, que levaram o colega a um hospital. O agente se salvou e a "barra" da doleira ficou um pouco mais limpa na PF.

O episódio teria ocorrido em 8 de abril, mesmo dia, coincidentemente, em que o doleiro Alberto Youssef passou mal. Ele também é suspeito de operar um esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões.

"A Nelma podia até tentar fugir, mas fez o que fez. Abriu a outra cela, tirou o médico de lá, trancou novamente os outros presos e salvou o cara. Merecia até uma redução de pena por isso", agradece uma fonte graduada da polícia.

Conhecida no mercado financeiro por "Greta Garbo" e outros pseudônimos que remetem ao glamour de Hollywood, Nelma, de 47 anos, é personagem antiga de comissões de inquérito e investigações policiais.

Em 2005, foi citada na CPI dos Correios pelo doleiro Antônio de Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, como operadora do PT no mercado de câmbio de Santo André, durante a gestão do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002.

No ano seguinte, ela negou tudo à CPI dos Bingos: "Não conheço", "nunca vi", reiterou, em cerca de 40 minutos de depoimento.

O nome de Nelma reapareceu na Operação Miquéias, do ano passado, que investigou suposto esquema de pagamento de propina a políticos e servidores públicos para desvio de recursos de fundos de pensão municipais.

A PF detectou operações dela com o doleiro Fayed Traboulsi, de Brasília, acusado de participar das fraudes.

A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março, como um desdobramento da Miquéias.

Não por acaso, equipe da PF em Brasília viaja ao Paraná nesta semana para, em parceria com policiais federais que atuam no Estado, aprofundar os trabalhos e estabelecer elos entre os investigados nas duas operações.

Nelma foi presa dois dias antes da ação, quando tentava embarcar para Milão no Aeroporto Internacional de Guarulhos com 200 mil guardados na calcinha.

Para a PF, ela sabia das investigações e tentava fugir. Os advogados de Nelma negam.

No mês passado, a Justiça Federal aceitou denúncia contra a doleira.

Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, ela enviava recursos ao exterior por meio de contratos de câmbio fraudulentos que simulavam importações.

"Os doleiros atuam em rede, fazendo pagamentos uns para os outros informalmente. É o que se chama de hawala (confiança)", explica um policial federal. O Estado não conseguiu contato com a defesa de Nelma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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