Fonteles, coordenador da Comissão Nacional da Verdade está em posse dos arquivos encontrados na casa do coronel (ABr)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2012 às 20h22.
Porto Alegre - Estão em posse da Comissão Nacional da Verdade os documentos encontrados na casa do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos, assassinado no dia 1º de novembro quando chegava em casa, em Porto Alegre. O governo do Rio Grande do Sul, em cerimônia no Palácio Piratini, no início da tarde desta terça-feira (27), entregou cópias dos arquivos ao coordenador da comissão, o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles.
"Um documento como esse desmascara aquela versão do Estado ditatorial militar no sentido de que Rubens Paiva, entre tantos outros, eram foragidos. Mas eles foram, sim, mortos nas dependências do Estado", salientou Fonteles. Com o material em mãos, a comissão investigará o seu conteúdo, o que deve levar a mais questionamentos e repostas. "Esse é um documento fonte que certamente vai mencionar outros documentos e nomes de pessoas. A partir daí vamos desvendando o mistério e revelando a verdade", avalia o coordenador.
Para a filha de Rubens Paiva, a psicóloga Maria Beatriz Paiva Keller, 48 anos, o aparecimento da relação de itens de seu pai apreendidos comprova o que há 40 anos a família já suspeitava: o deputado foi morto nas dependências do Exército. "É uma materialização de um passado, de mais um episódio interminável para muitas famílias, é mais um capitulo para a história", comenta.
A morte do coronel Molina ainda é um mistério para a polícia. Apesar de ter surgido uma nova hipótese para o assassinato, o crime de passional, o delegado que investiga o caso, Luis Fernando Martins Oliveira, admite que as investigações pendem para o lado de tentativa de latrocínio. "Estamos trabalhando com suspeitas de pessoas, mas não podemos divulgar nada. Não é descartado crime passional, mas o que pesa mais é a tentativa de roubo contra o coronel." Sobre a possibilidade de uma execução ligada ao seu passado militar, o delegado garante: "É muito remoto o crime ter acontecido em razão desse motivo".