Fachin: Quem lhe avisou foi a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia que também estava a milhares de quilômetros de Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2017 às 16h26.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin ficou "absolutamente surpreso" quando foi informado, na tarde desta terça-feira,11, sobre a divulgação de seus despachos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Ele fazia uma viagem de carro, em uma região de difícil comunicação, no interior de Santa Catarina, enquanto Brasília sofria os abalos provocados pela divulgação de suas decisões e o teor da delação de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Quem lhe avisou foi a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia que também estava a milhares de quilômetros de Brasília - ela embarcava dos Estados Unidos, rumo ao Brasil, um dia depois de participar de palestra no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington. A presidente do Supremo chega nesta quarta-feira, 12 a Brasília.
A expectativa no tribunal era de que só depois da Páscoa fossem tornados públicos os inquéritos instaurados pelo relator da Lava Jato no STF. Após conversar com Cármen Lúcia, porém, Fachin decidiu antecipar a divulgação à imprensa da íntegra dos seus despachos.
Logo depois da publicação das primeiras reportagens pelo Estado com a relação de ministros, governadores, deputados federais e senadores que entraram na mira do STF, houve uma peregrinação de advogados ao edifício-sede da Corte. Munidos de pen-drives, ao menos cinco advogados conseguiram acesso aos autos dos processos que investigam seus clientes.
Câmara
O plenário da Câmara começou a esvaziar, na tarde desta terça-feira, logo depois da revelação da lista de Fachin. Sem quórum, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teve de encerrar a sessão plenária mais cedo, sem votar o projeto que cria o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para Estados em calamidade financeira. A previsão agora é que a proposta só seja votada na próxima semana.
"O quórum do Senado aumentou", ironizou um líder, que não aparece na lista de Fachin. "Olha quem está aqui: o relator das dez medidas de combate à corrupção", reagiu o mesmo parlamentar, referindo-se ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos políticos citados nas delações e que será investigado. O parlamentar tomou conhecimento da lista no plenário, enquanto o governo se esforçava para tentar acelerar a votação.
Essa foi a quarta vez que a Câmara tenta votar o projeto que cria o Regime de Recuperação Fiscal. As duas primeiras foram na quarta e na quinta-feira da semana passada. O governo, porém, não conseguiu quórum, adiando para esta semana.