Tasso e Aécio: "há paz no ninho [tucano]", disse o senador mineiro ao deixar o diretório do PSDB (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 24 de agosto de 2017 às 14h08.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse hoje (24) que o atual presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE) é quem tem "as melhores condições para conduzir o partido até dezembro", data em que os tucanos iniciarão o processo de escolha do candidato à Presidência da República nas eleições de 2018. Segundo Aécio, não há mais racha no partido, que deverá se manter na base de apoio ao governo federal.
"Há paz no ninho [tucano]", disse o senador mineiro ao deixar o diretório do PSDB, onde ocorre uma reunião com os 27 diretórios regionais do partido.
"Tive ontem uma conversa com Tasso. Nossas divergências foram superadas e continuamos em nossa trilha de construir um projeto para o país."
Os elogios a Tasso Jereissati foram feitos após divergências internas sobre o partido permanecer ou não na base do governo.
"Quando me licenciei, o fiz para preservar o interesse do partido. Fui eu quem sugeriu o nome do senador Tasso para a presidência do partido. É ele quem tem melhores condições para conduzir o partido até dezembro, quando escolheremos nosso candidato à Presidência da República. Os pontos em que divergíamos estão superados", acrescentou.
Aécio negou que haja qualquer divisão em seu partido, e que o apoio ao governo do presidente Michel Temer está relacionado ao compromisso com as reformas que foram sempre defendidas pelo partido.
"A agenda de reformas se deu no momento em que defendemos o afastamento da presidente Dilma. Se apoiar um governo com baixa popularidade for o preço para que uma agenda das reformas que sempre defendemos seja implementada, acho que temos de pagar esse preço. Não estamos atrás de cargos ou de benesses de poder", argumentou o senador, que negou ser pré-candidato às próximas eleições presidenciais.
"Estou fora disso [candidatura à Presidência]. O governo tem nosso apoio em razão do compromisso com essa agenda. Mas, quando o processo eleitoral for iniciado, é natural que cada um caminhe na direção que achar mais adequada".
Aécio disse que, durante a reunião de hoje, o partido decidiu apoiar integralmente a cláusula de desempenho prevista na reforma política.
"Decidimos apoiar integralmente a proposta que estabelece a cláusula de desempenho de 1,5% a partir da eleição do ano que vem, acrescida de 0,5% a cada nova eleição nacional e a antecipação, já para o ano que vem, do fim das coligações proporcionais. A transição para o distrital misto em 2022, que o PSDB defende programaticamente, será feita de forma mais adequada, se for entorno dessa mudança, no atual modelo proporcional. Melhor do que o distritão, que, acredito, não terá votos suficientes para ser aprovado na Câmara", argumentou.
Na reunião, segundo Aécio, houve consenso em defender, não nas eleições de 2018, mas nas posteriores, o retorno do financiamento privado para as campanhas eleitorais, mas "em limites mais estreitos do quer o atual".
De acordo com a proposta defendida pelo senador, o fundo eleitoral será alimentado por recurso da compensação que os meios de comunicação recebem, em razão do tempo disponibilizado para os programas partidários.
"Acabaríamos com os programas que acontecem fora do período eleitoral. A proposta do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) me parece a mais adequada, e o PSDB fechou questão em apoio a ela, mas sem abrir mão do debate para financiamento privado para futuras eleições", disse Aécio.
Ao deixar a sede do PSDB, Aécio Neves defendeu também as privatizações de empresas estatais anunciadas pelo governo. "Defendemos grande parte delas, inclusive programaticamente."