Brasil

Disputa nacional contamina debate da RedeTV! para governo de SP

Durante pouco mais de duas horas, Doria e Marinho protagonizaram os confrontos mais duros

Adversários de Doria aproveitaram o debate para citar a condenação do tucano por improbidade administrativa (Bandeirantes/Reprodução)

Adversários de Doria aproveitaram o debate para citar a condenação do tucano por improbidade administrativa (Bandeirantes/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de agosto de 2018 às 09h41.

Última atualização em 25 de agosto de 2018 às 17h52.

O segundo debate na TV entre os candidatos ao governo de São Paulo foi contaminado pela disputa nacional e marcado por ironias e embates entre os adversários. No evento realizado na noite da sexta-feira, 24, pela RedeTV!, os temas do Estado, em diversos momentos, foram coadjuvantes diante das discussões e troca de acusações entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.

Participaram do debate os candidatos Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB), Rodrigo Tavares (PRTB), Marcelo Candido (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT) e Professora Lisete (PSOL).

Durante pouco mais de duas horas, Doria e Marinho protagonizaram os confrontos mais duros. O candidato do PT escolheu o tema "mulheres" para perguntar ao rival do PSDB, e disse que ele, quando presidiu a Embratur, fez propaganda de mulheres nuas. Em sua resposta, Doria ignorou o questionamento e acusou o partido do rival. 

"O seu passado o condena, o meu não. Vocês são responsáveis pela maior taxa de desemprego do País, vocês são responsáveis pela maior recessão do País, vocês cometeram crimes contra o dinheiro público deste país. Só da Petrobras o seu partido, o PT, roubou R$ 50 bilhões. O que vocês sabem fazer é destruir, roubar e mentir", disse o tucano, apontando o dedo para Marinho. 

A fala de Doria motivou um direito de resposta concedido ao petista, que aproveitou para citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato e registrado como candidato do PT ao Planalto - e o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin. 

"Esse papo de ficar agredindo o PT não vai funcionar nessa eleição. Isso funcionou em 2016. O povo processou as informações e o povo chegou à conclusão que o presidente Lula é um injustiçado, está preso de forma injusta e que, portanto, essa é a razão de ele liderar todas as pesquisas de opinião, inclusive aqui no Estado de São Paulo, onde o teu padrinho Alckmin está penando na terceira posição e não sobe", disse o petista. "E não sobe até por contribuição de Vossa Excelência, que prometeu ao povo paulistano que cumpriria os quatro anos rigorosamente de mandato (na Prefeitura de São Paulo) e traiu o povo." 

Candidato à reeleição, Márcio França fez uma declaração amistosa ao ser questionado por Doria sobre o fato de apoiar Alckmin e seu partido, o PSB, ter feito "um acordo informal com o PT" em nível nacional. "Quando passa a eleição, viu João, as pessoas se alinham de novo. As pessoas não vão fazer disso uma guerra em que as pessoas vão ficar inimigas para sempre. Esse dilema de ficar inimigo, de PT e de PSDB, para mim já deu", afirmou França. "Aqui em São Paulo todos sabem a minha lealdade com ele (Alckmin)."

O candidato do MDB, Paulo Skaf, voltou a ser associado ao governo do presidente Michel Temer. Quando chegou sua vez de escolher o candidato com quem iria debater, a candidata do PSOL, Professora Lisete, disse que queria perguntar ao "candidato do Temer".

O apresentador Boris Casoy interveio: "Candidato do quê?". Lisete repetiu: "Candidato do Temer, Paulo Skaf". Sorrindo, Casoy disse que ela teria de perguntar para um candidato identificado. "Eu, por exemplo, não sei quem é o candidato do Temer", afirmou, o que provocou uma reação da plateia. "Claro que eu sei quem é o candidato do Temer, mas temos que manter as regras do debate." 

'Meme'

O candidato Rodrigo Tavares, do PRTB, teve um "branco" e disse que deverá ser alvo de memes na internet após ficar alguns segundos em silêncio no meio de uma frase na qual criticava as legendas de esquerda. "Esses partidos mais alinhados à esquerda, ao Foro de São Paulo, tem sim, e aqui temos todos aqui representantes dessas agremiações, muito a explicar, tem, sim, este tipo de comportamento. Nós não. Nos somos... (quatro segundos de silêncio), nós sim, nós não, nós sim, nós não, não sei. Nosso candidato aqui...", tentou dizer enquanto já ouvia que seu tempo estava esgotado.

Quando teve a palavra novamente, no bloco seguinte, Tavares pediu desculpas. "Sou humano. Sei que amanhã estarei na internet como meme", disse o candidato. "Vai ter gente falando que eu tive o piripaque do Chaves. Mas erra é humano, não é?"

Condenação de Doria

Adversários de Doria aproveitaram o debate para citar a condenação do tucano por improbidade administrativa pelo uso do slogan Cidade Linda quando era prefeito da capital (mais informações nesta página). O candidato do PSDB, por sua vez, questionou o emedebista pela gestão à frente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 

Doria perguntou a Skaf se ele, ao comandar a Fiesp por 14 anos, estaria agindo como o PT - que, conforme o tucano, utiliza uma estrutura sindical para se promover. O emedebista negou que tivesse usado a entidade e mudou de assunto. "Como governador, o que quero fazer investir nas pessoas", disse.

Problemas do Estado

Os candidatos falaram mais sobre os problemas do Estado no primeiro bloco, quando questionados sobre como agiriam para combater o crime organizado e o crescimento de facções criminosas. "Tecnologia, inovação, modernidade, inteligência, essencial para todas as delegacias", disse França.

Doria voltou a citar o lema "polícia na rua, bandido na cadeia". Skaf falou em adotar um "grande projeto de reestruturação das polícias" e Marinho disse que o crime organizado "foi fruto dos 24 anos do PSDB no Estado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018GovernadoresJoão Doria Júniorsao-paulo

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final