Trem de CPTM: cúpula da Siemens sabia do esquema de pagamento de propina, diz ex-diretor (Friedemann Vogel/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 09h21.
São Paulo – O ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer afirmou, em depoimento sigiloso à Polícia Federal, que a alta cúpula da multinacional alemã aprovava o pagamento de propina a políticos e funcionários para conseguir contratos com o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de trens Metropolitanos (CPTM). A informação foi obtida pelo jornal Folha de S. Paulo.
Rheinheimer citou em seu depoimento o nome de três executivos da empresa que supostamente sabiam do esquema: Newton Duarte, ex-diretor-geral, Ronaldo Cavalieri, ex-gerente comercial, e Ricardo Lamenza, atual diretor de energia.
Segundo o delator, os três “sabiam desses pagamentos, pois cada um tinha parte da atribuição dentro da empresa para aprová-los”.
À Folha, a Siemens afirmou que não encontrou irregularidades relacionadas a Lamenza. Já Duarte disse que nunca deu ordens “para fazer algo ilícito”. Cavalieri não quis comentar o caso.
Segundo Rheinheimer, que dirigiu a divisão de transportes da empresa, o suborno era repassado por consultorias, que recebiam quantias milionárias.
Investigação da Polícia Federal aponta que as consultorias foram usadas para distribuir propinas para servidores como o ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni, que teria recebido US$ 250 mil em uma conta na Suíça.
Cartel
Ex-executivos da Siemens delataram em maio do ano passado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que várias empresas multinacionais participaram de um cartel para fraudar concorrência em contratos no Metrô e na CPTM.
A licitação da Linha 5-Lilás está entre as fraudes, que teriam acontecido pelo menos entre 1998 e 2008 em São Paulo. Durante o período, o estado foi governado por Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.