Fachada do Hospital Universitário (UH) da Universidade de São Paulo (USP) (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 20h28.
São Paulo - A diretoria e os alunos do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP) foram pegos de surpresa com a proposta feita pelo reitor da instituição, Marco Antonio Zago, de transferir o hospital para a Secretaria de Saúde, como uma das medidas para cortar gastos e diminuir a crise que assola a universidade.
Nesta sexta-feira, 22, pela manhã, os alunos fizeram uma assembleia que contou com a presença de cerca de 450 pessoas e decidiram pedir tempo para discutir a medida.
Na reunião, também ficou decidida a paralisação das atividades na segunda-feira (25) e terça-feira (26), quando está marcada a reunião do Conselho Universitário que vai discutir a desvinculação do hospital.
De acordo com o diretor médico do HU-USP, José Pinhata, o tema não foi debatido com a diretoria do hospital.
"Fiquei sabendo da desvinculação pela imprensa. Agora, terá reunião do Conselho Universitário e pedimos que eles permitam que haja tempo para discussão sobre o tema", afirmou.
Pinhata ressaltou que a diretoria não é contra a desvinculação do hospital da USP, mas pede para conhecer as propostas. "Pode ser boa ou ruim, dependendo dos moldes que for feita. Queremos conhecer o que será feito para debater", disse.
O diretor do HU-USP defende ainda que a desvinculação do hospital "irá despatrimoniar parte da USP".
Com isso, ele acredita que o hospital vá perder a autonomia na diretriz de ensino. "Será impossível manter excelência em ensino após troca de equipes a preços de funcionários SUS", argumentou.
O HU abriga hoje 2,5 mil alunos e possui 1,7 mil funcionários, dos quais 280 são médicos. Por mês, o hospital faz cerca de 12 mil consultas no ambulatório e 400 cirurgias.
No ano passado, foram 13 mil internações e 283 mil atendimentos de emergência.
Cerca de 8% do orçamento da USP é destinado ao hospital, que recebe R$ 350 milhões por ano.
"Desse montante, 80% é para folha de pagamento, que vai continuar sendo pago pela universidade mesmo com a desvinculação, já que os funcionários são da universidade", explicou o diretor médico do HU-USP.
Alunos
De acordo com o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da USP, Murilo Germano, que é estudante do 3º ano de Medicina, os alunos são contrários à maneira como o processo de desvinculação do hospital está sendo conduzido pela universidade.
"Queremos adiar essa decisão no conselho universitário para poder discuti-la", disse.
A residente da Faculdade de Medicina da USP, Raquel Santos Ferreira, de 30 anos, teme que a desvinculação do hospital possa afetar o ensino.
"A USP depende do HU para o ensino. A médica que sou teve muita contribuição do HU. Não vemos como melhorar o ensino com essa desvinculação".