Velejadores durante um evento testa para as Olimpíadas de 2016, na Baía de Guanabara (Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2014 às 16h44.
Rio de Janeiro - Depois que atrasos e custos excessivos prejudicaram a preparação para a Copa do Mundo no Brasil, o diretor da iniciativa do país para ser sede das Olimpíadas 2016 diz que a meta é mostrar ao mundo uma imagem diferente.
O Brasil foi a sede da Copa do Mundo, que durou um mês, sem grandes problemas; os torcedores lotaram os estádios para assistir ao campeonato que apresentou placares com muitos gols e emoção até a vitória de 1 a 0 da Alemanha contra a Argentina na final no Maracanã, no Rio de Janeiro, no dia 13 de julho.
O que antecedeu ao evento, no entanto, foi muito menos tranquilo.
Quase todos os 12 estádios utilizados no campeonato de US$ 11 bilhões acabaram ultrapassando o orçamento e os prazos de finalização, como a Arena São Paulo, que ainda estava sendo pintada no dia em que foi sede da abertura da Copa, em 12 de junho.
Isso envergonhou o Brasil e provocou receios sobre o tipo de evento que os atletas e visitantes vão testemunhar quando o Rio receber as Olimpíadas, daqui a exatos dois anos.
“Chegou a hora de que os brasileiros entreguem algo a tempo, dentro do orçamento e com total transparência”, disse Sidney Levy, CEO da Rio 2016, em entrevista ontem na sede do comitê organizador. “Pode ser que falhemos, mas isso é o que queremos fazer”.
As Olimpíadas substituem a Copa como o projeto de mais alto perfil do Brasil com uma série de obras em andamento, como uma extensão do metrô e a renovação da área portuária da cidade, que custarão R$ 8 bilhões (US$ 3,5 bilhões) cada.
Os organizadores disseram que o trabalho para preparar a cidade foi retomado depois das críticas realizadas por membros seniores do Comitê Olímpico Internacional (COI) e de federações esportivas a respeito da falta de progresso em alguns lugares.
Eventos de teste
Diversos eventos de teste antes dos jogos foram anunciados ontem, um dia depois do início de um evento de navegação na Baía de Guanabara.
Os navegantes elogiaram o lugar, apesar de muitos terem reclamado da qualidade da água na baía, que recebe diariamente esgoto não tratado. Algumas equipes avistaram um cachorro morto na água durante uma sessão de treinamento na semana passada.
“Quando você testa, você erra”, disse aos repórteres Gilbert Felli, diretor executivo do COI para os Jogos Olímpicos. “É necessário ter cuidado e não estraçalhar as pessoas pelos erros cometidos num teste”.
Levy disse que muitas das críticas feitas aos organizadores da Copa do Mundo antes do evento eram justas.
É improvável que as Olimpíadas enfrentem atrasos semelhantes porque as sedes que ainda estão em obra são muito menores do que as grandes arenas de futebol.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse no mês passado que pretende usar o sucesso da Copa do Mundo como um escudo contra qualquer ceticismo sobre as Olimpíadas, que vão custar mais de US$ 15 bilhões em investimentos públicos e privados.
Injeção de ânimo
Felli, enviado ao Rio pelo presidente do COI, Thomas Bach, para ajudar os organizadores, disse que a Copa do Mundo ajudou a aumentar o ânimo entre os que trabalham no evento – mas ele alertou contra a complacência.
A relação do Rio com o COI e outros corpos esportivos melhorou desde que o vice-presidente do COI, John Coates, descreveu em abril o nível de preparação da cidade como o pior visto por ele em seus 40 anos de trabalho no movimento olímpico.
“Eles não estão prontos em muitos, muitos modos”, disse Coates.
Felli disse que grande parte da preocupação se originou da confusão criada pela falta de consistência das informações enviadas às distintas partes envolvidas no maior evento poliesportivo do mundo.
“Se você vai a um lugar e alguém lhe dá três respostas diferentes, você fica sem saber qual é a certa”, disse ele. “Isso talvez signifique que você recebeu três respostas e perdeu a confiança”.