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Dirceu era mandante do esquema do mensalão, diz relator

Barbosa iniciou a análise sobre o chamado "núcleo político" do esquema, incluindo a cúpula do PT à época do escândalo, em 2005

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2012 às 18h48.

Brasília - O relator da ação penal do chamado <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/mensalao" target="_blank">mensalão</a></strong> no STF, Joaquim Barbosa, disse nesta quarta-feira que o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu tinha "posição central" no esquema, agindo como "mandante" dos acordos para compra de apoio parlamentar.</p>

Dirceu foi apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como "chefe de quadrilha" responsável pelo esquema de compra de apoio parlamentar durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Os pagamentos efetuados por Delúbio Soares e Marcos Valério aos parlamentares com os quais Dirceu mantinha reuniões frequentes o colocam em posição central, posição de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das promessas e pagamentos das vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a atender propostas de seus interesses", disse Barbosa durante a leitura de seu voto.

Barbosa iniciou a análise sobre o chamado "núcleo político" do esquema, incluindo a cúpula do PT à época do escândalo, em 2005. Entre os acusados está Dirceu, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex-presidente do PT José Genoino, além do publicitário Marcos Valério, considerado como principal operador do esquema.

O relator detalhou encontros que teriam ocorrido na Casa Civil entre Dirceu, Valério, Delúbio e envolvidos no esquema, como representantes do Banco Rural, que teria concedido empréstimos fictícios que abasteceriam o chamado mensalão, além de ter sido usado no repasse dos recursos.

"O problema não é o ministro receber diretores de instituições financeiras, mas sim o contexto com que se deram essas reuniões", disse Barbosa.

"Fatos derrubam de uma vez a tese sustentada inicialmente de que José Dirceu não tinha nenhuma relação com Marcos Valério." Barbosa disse ainda que os "dados permitem perceber que José Dirceu comandou a ação de Marcos Valério e Delúbio Soares".

A defesa nega que Dirceu tenha usado seu cargo para beneficiar empresas e disse não haver prova material para a condenação do petista. 

Veja abaixo algumas declarações de Barbosa durante a leitura do seu voto:

Ação de Dirceu: "O conjunto probatório contextualizado pela realidade fática, ou seja, os pagamentos efetuados por Delúbio Soares e Marcos Valério aos parlamentares com os quais Dirceu mantinha reuniões frequentes o coloca em posição central, posição de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das promessas e pagamentos das vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a atender propostas de seus interesses." "Dados permitem perceber que José Dirceu comandou a ação de Marcos Valério e Delúbio Soares." "Fatos derrubam de uma vez a tese sustentada inicialmente de que José Dirceu não tinha nenhuma relação com Marcos Valério."

Reuniões com diretores do Banco Rural BMG:  "O problema não é o ministro receber diretores de instituições financeiras, mas sim o contexto com que se deram essas reuniões." "As reuniões de José Dirceu, acompanhado de Marcos Valério, Delúbio Soares com as diretorias do Banco Rural e BMG inserem-se num contexto fático probatório que impede a aceitação de que essas reuniões teriam tratado apenas e tão somente da... liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco." (Reportagem de Hugo Bachega e Ana Flor)

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